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Polícia Terça-feira, 27 de Maio de 2025, 14:48 - A | A

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MALDADE INCARNADA

Grupo liderado por jovem de MT torturou e matou gato em live com 400 pessoas, diz delegado

Animal teve a pele arrancada; imagens chocaram até os policiais

Igor Guilherme

Repórter | Estadão Mato Grosso

Durante a investigação que culminou na deflagração da Operação Mão de Ferro, os policiais da Delegacia de Especializada de Repressão à Crimes Informáticos (DRCI) se depararam com um “espetáculo” de brutalidade e maldade. Em uma live com 400 participantes na plataforma Discord, um gato foi assassinado com requintes de crueldade. Diversos alvos da Operação Mão de Ferro estavam nessa transmissão, inclusive um dos administradores do canal, um adolescente de 15 anos, que foi detido em Rondonópolis (215 km de Cuiabá). O animal teve o olho furado, a cabeça cortada e, por fim, teve a pele arrancada.

O relato foi dado pelo delegado Gustavo Godoy, que presidiu as investigações da Operação Mão de Ferro, em coletiva de imprensa realizada na manhã desta terça-feira, 27 de maio, na sede da DRCI. Gustavo explicou que a transmissão foi acompanhada pelo Ministério da Justiça durante a investigação.

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“Eles fizeram uma live, com quatrocentas pessoas assistindo e matando um gato. As pessoas falavam: “Ah, agora espeta o olho dele, corta a cabeça dele fora” E aí, no final do vídeo, eles acabaram arrancando a pele do animal”, explicou Godoy.

O delegado também disse que, até para os policiais, foi chocante testemunhar a cena. Godoy ainda disse que se trata de maldade pura, um sentimento que o delegado classificou como “mórbido”.

O administrador do servidor do Discord em questão, detido em Rondonópolis, foi internado pelas autoridades.

O titular da DRCI, Guilherme Fachinelli, ainda afirmou que o vídeo serviu para coroar a investigação, a ‘cereja do bolo’, pois as investigações já estavam bem avançadas para a operação ser deflagrada.

MÃO DE FERRO

A operação ocorre de forma simultânea em 12 estados brasileiros, com a participação das Polícias Civis do Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Piauí, Rio Grande do Sul, Sergipe e São Paulo. Ao todo, estão sendo cumpridos 22 mandados judiciais, incluindo busca e apreensão, prisão temporária e internação socioeducativa.

Em Mato Grosso, são cumpridas três ordens judiciais, sendo um mandado de busca e apreensão domiciliar contra uma adolescente, de 16 anos, na cidade de Sinop e dois mandados de busca e apreensão e de internação provisória contra o líder do grupo, um adolescente de 15 anos, na cidade de Rondonópolis.

O menor apontado como líder do grupo já havia sido alvo da 1ª fase da operação, deflagrada em agosto de 2024 e também da Operação Discórdia, deflagrada pela Polícia Civil no último mês de abril.

O cumprimento das ordens judiciais conta com apoio da 1ª Delegacia de Polícia de Sinop e da Delegacia Especializada de Defesa da Mulher de Rondonópolis. A operação integra o planejamento estratégico da Polícia Civil por meio da operação Inter Partes, dentro do programa Tolerância Zero, do Governo de Mato Grosso, que tem intensificado o combate às facções criminosas em todo o Estado.

REDE CRIMINOSA

As investigações identificaram uma rede de pessoas, com participação de adolescentes, que, de forma articulada, praticava crimes como indução, instigação ou auxílio à automutilação e ao suicídio, perseguição (stalking), ameaças, produção, armazenamento e compartilhamento de pornografia infantil, apologia ao nazismo e invasão de sistemas informatizados, incluindo acesso não autorizado a bancos de dados públicos.

As práticas criminosas ocorriam principalmente em plataformas como WhatsApp, Telegram e Discord, nas quais os investigados disseminavam conteúdos de violência extrema, estimulavam comportamentos autodestrutivos, realizavam coação psicológica, ameaças e exposição pública de vítimas — em sua maioria, adolescentes — causando danos emocionais e psicológicos severos.

"O Ministério da Justiça e Segurança Pública, por meio do Laboratório, promoveu a integração operacional entre as Polícias Civis dos estados, possibilitando uma ação coordenada, simultânea e robusta. A troca de informações e o alinhamento entre os estados foram fundamentais para que essa operação atingisse abrangência nacional, visando proteger nossas crianças e adolescentes e responsabilizar aqueles que se escondem no ambiente digital para praticar crimes tão graves”, destacou Rodney Silva, diretor de Operações Integradas e de Inteligência da Secretaria Nacional de Segurança Pública, do MJSP.

De acordo com Gustavo Godoy Alevado, delegado adjunto da Delegacia Especializada de Repressão a Crimes Informáticos, "a Operação Mão de Ferro 2 é resultado de um trabalho investigativo minucioso conduzido pela Delegacia Especializada de Repressão a Crimes Informáticos da Polícia Civil de Mato Grosso, em parceria com o Ciberlab do Ministério da Justiça. A deflagração da operação é uma resposta firme e coordenada do Estado à violência digital contra crianças e adolescentes."

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