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Opinião Quarta-feira, 24 de Novembro de 2021, 06:00 - A | A

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EDITORIAL - 24/11/2021

De líder à lanterna na América Latina

Da Editoria

Editoria | Estadão Mato Grosso

O movimento de recuperação econômica iniciado no segundo trimestre de 2020 parece ter atingido seu limite. Sem uma trégua na alta - e crescente - inflação, os resultados do comércio e da indústria desaceleraram no fechamento do terceiro trimestre, levando a economia nacional a uma zona de tensão. Tudo aponta que os choques gerados pela pandemia seguirão desafiando as autoridades públicas, ainda que a natureza desses desafios mude bastante daqui para a frente.

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O clima econômico na América Latina se deteriora como um todo. É o que aponta a Sondagem Econômica da América Latina, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) na manhã desta terça-feira (23). Os resultados demonstram a quebra da trajetória de recuperação, após cinco trimestres consecutivos de alta. E que queda. No terceiro trimestre, o índice havia finalmente passado para o patamar favorável, com 101,4 pontos. Entre o terceiro e o quarto trimestre, despencou mais de 20 pontos, retornando à situação desfavorável verificada nos últimos meses de 2020.

“Foi a segunda maior queda entre duas sondagens consecutivas desde o início da série histórica, em janeiro de 1989. Antes, a maior queda no valor de 58,8 pontos foi entre o 1º e o 2º trimestre de 2020 associada às expectativas pessimistas e incertezas trazidas pela covid-19”, destacou a entidade.

O Brasil é o país que teve o maior recuo entre o terceiro e o quarto trimestre, principalmente no Índice de Expectativas, que despencou incríveis 104,2 pontos. Os principais problemas que ajudam a explicar a deterioração das expectativas são a falta de confiança na política econômica, as desigualdades de renda, a infraestrutura e os problemas na cadeia de suprimentos que afetam a entrega de insumos à indústria. Com isso, a projeção da FGV aponta que o Brasil deve ter o menor crescimento do PIB entre os países da América Latina em 2022, com 1,8%. É quase 1 ponto percentual a menos que a média da região, prevista para 2,6%.

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Ao mesmo tempo, as projeções internas para a economia mostram mais indícios de deterioração. Especialistas de mercado já veem a inflação de 2021 fechar acima de 10%, enquanto as projeções para 2022 pioraram, chegando a 4,96%. De líder regional, o Brasil passará a ocupar a lanterna na corrida do crescimento econômico no próximo ano, com o empobrecimento recorde de sua população. A crise pode ser global, mas no Brasil ela tem seus temperos próprios que a tornam ainda mais difícil de suportar.

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