Foi essa ideia que me atravessou recentemente ao ver o status da minha tia Sandra no Facebook — uma profissional de destaque no setor imobiliário em Rondonópolis (MT), cidade pujante do interior mato-grossense. O vídeo que ela compartilhou trazia um podcast sobre “Prumo e Rumo”. Bastaram poucos segundos para que eu me visse de volta à adolescência, caminhando entre blocos e cimento no galpão do meu avô Diogo Delgado de Andrade, servidor público aposentado e mestre de obras no tradicional bairro Coxipó da Ponte, em Cuiabá (MT).
Foi com ele que aprendi, de forma silenciosa e prática, o valor simbólico do prumo. Na construção civil, o prumo é a ferramenta que assegura o alinhamento vertical das estruturas. Uma parede fora do prumo pode até parecer firme por um tempo, mas cedo ou tarde cede. E assim é com a vida: quando nos falta firmeza, os desvios se tornam quedas.
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O rumo, por sua vez, é a direção — é saber para onde se quer ir. De nada adianta uma estrutura sólida se não há clareza quanto ao caminho a seguir. Durante minha juventude, meu rumo era simples, mas determinante: da casa para a escola, da escola para casa. Essa rotina disciplinada, somada às lições do meu avô, formou a base do meu caminho.
PRUMO E RUMO: DOIS ALICERCES PARA UMA VIDA COM SENTIDO
Com o tempo, compreendi que prumo e rumo não são apenas metáforas de uma construção — são instrumentos simbólicos que carregamos conosco durante toda a vida. Um sem o outro nos enfraquece. De que adianta seguir na direção certa, se nos falta firmeza para continuar? Ou manter a integridade, mas sem clareza sobre onde se quer chegar?
Enquanto o prumo nos protege contra atalhos que comprometem nossos valores, o rumo nos livra do labirinto das possibilidades sem propósito. Ambos operam juntos — e silenciosamente — para nos manter de pé, mesmo nos dias mais difíceis.
Essa ideia é frequentemente reforçada nas reflexões do professor Othon Barros, referência em Neurociência Aplicada aos Negócios e em Neuroliderança. Em suas palestras, aborda a importância de alinhar metas (rumo) nas diversas áreas da vida (prumo): profissional, familiar, espiritual, social e educacional. Ainda que não use diretamente os termos "prumo" e "rumo", seu recado é o mesmo: ter clareza de objetivos e cultivar equilíbrio entre os papéis que desempenhamos é o caminho não apenas para chegar mais longe, mas para chegar inteiro — com bem-estar, integridade e propósito.
PRUMO E RUMO COMO ESCOLHAS CONSCIENTES
A verdade é que nem sempre temos controle sobre o que nos acontece, mas sempre temos a escolha de como nos posicionamos. Ter prumo é ser ético e honesto mesmo quando ninguém está olhando. Ter rumo é saber dizer não às distrações para seguir focado naquilo que realmente importa.
É isso que tem me guiado na vida pública, na vida acadêmica, nos relacionamentos e na busca constante por sentido em tudo o que faço. Ao olhar para trás, percebo quantas pessoas ajudaram a colocar cada “tijolo” da minha história. Família, amigos, mestres e até mesmo desconhecidos que, com gestos pequenos, deram grandes contribuições para que eu mantivesse meu prumo e meu rumo.
Por isso, este artigo é mais do que uma reflexão — é também uma homenagem ao meu avô Diogo e a todos que, com simplicidade, ensinam pelo exemplo. Ele costumava ensinar sem dizer muitas palavras — mostrava com atitudes. Hoje compreendo que sem prumo, nossas escolhas perdem o equilíbrio; sem rumo, nossas conquistas perdem o sentido.
Esses aprendizados ecoam cada vez mais fortes em tempos de incerteza. Tempos em que muitos buscam atalhos, vitórias fáceis e reconhecimento instantâneo. Mas a vida, tal como uma construção bem-feita, exige alicerces sólidos e direção clara.
Todos enfrentamos momentos em que parece mais fácil ceder à pressa ou à dispersão. Mas é justamente nessas horas que prumo e rumo fazem a diferença. São eles que nos mantêm firmes diante das tempestades e que nos lembram a razão pela qual seguimos em frente.
Convido você, leitor, a olhar para dentro: qual tem sido o seu prumo? Qual é o seu rumo? Você tem construído sua vida com base sólida e direção definida, ou tem erguido paredes frágeis que podem ruir ao primeiro impacto?
Talvez a mais grandiosa construção da sua vida não seja aquilo que você produz, mas aquilo que você se torna. E essa construção, como me ensinou meu avô, só se sustenta com equilíbrio (prumo) e propósito (rumo).
Angelo Silva de Oliveira é controlador interno licenciado da Prefeitura de Rondonópolis/MT, presidente de honra da Associação dos Auditores e Controladores Internos dos Municípios de Mato Grosso (AUDICOM-MT), mestre em Administração Pública (UFMS), especialista em Gestão Pública Municipal (UNEMAT) e em Organização Socioeconômica (UFMT), graduado em Administração (UFMT) e auditor interno NBR ISO 9001:2015.