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Economia Terça-feira, 05 de Agosto de 2025, 06:52 - A | A

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TARIFAÇO DO TRUMP

Taxação dos EUA deve causar "duplo impacto" no comércio de MT, alerta Fecomércio

Cidades que dependem do consumo gerado por produtores rurais devem sentir retração no varejo, aponta entidade

Da Redação

Redação | Estadão Mato Grosso

A decisão dos Estados Unidos de implementar uma tarifa de até 50% sobre produtos brasileiros, com início previsto para 6 de agosto, representa um duplo impacto negativo para o comércio mato-grossense. A afirmação é do presidente da Fecomércio-MT, José Wenceslau de Souza Júnior, que destaca o efeito direto da queda nas exportações e a costura de impactos na renda das famílias que sustentam o varejo local.

“Como elo final da cadeia produtiva, o comércio deve ser duplamente impactado pela retração e mudanças na exportação para os norte-americanos, sofrendo diretamente com a redução nas vendas dessas mercadorias, mas também com a diminuição na geração de emprego e renda das famílias”, afirmou.

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A medida integra o pacote protecionista do governo de Donald Trump, que já impôs tarifas de 25% sobre aço e alumínio em março e uma taxa de 10% em abril sobre bens de países com déficit comercial. Agora, os EUA elevam a taxação sobre produtos brasileiros, numa escalada que põe sob risco setores-chave da exportação mato-grossense.

O impacto maior recai sobre municípios que têm parte significativa das exportações direcionadas aos EUA. Segundo levantamentos do Instituto de Pesquisas da Fecomércio (IPF‑MT):

- Chapada dos Guimarães e Vila Bela da Santíssima Trindade tiveram 100% das exportações direcionadas aos EUA em 2024.
- Juína exportou 71,57% ao mercado norte-americano.
- Acorizal e Peixoto de Azevedo registraram exportações de 45,95% e 44,03%, respectivamente.

Apesar da retirada de quase 700 produtos da tarifa inicial de 40%, cidades como Mirassol d’Oeste e Paranatinga seguem em risco: juntas exportaram 75,6% da carne bovina de Mato Grosso para os EUA, setor que ainda está sujeito a fortes restrições.

O IPF‑MT revela que o mercado estadunidense representa apenas 1,10% das exportações de Mato Grosso, mas responde por 14,64% das importações do estado, demonstrando sua relevância em termos de abastecimento e cadeias produtivas industriais.

Em 2024, os principais produtos exportados foram:

Ouro: US$ 157,7 milhões
Carne bovina: US$ 148,3 milhões
Soja: US$ 39,5 milhões
Gelatinas e derivados: US$ 16,9 milhões
Madeira: US$ 11,1 milhões

Em 2025, os ovos de aves ganharam destaque, atingindo US$ 8,07 milhões, impulsionados pela crise sanitária da gripe aviária nos EUA.

Para Wenceslau Júnior, o cenário exige rapidez na ação diplomática do Brasil. A questão afeta não apenas os municípios exportadores, que são atingidos diretamente, mas reverbera na economia nacional por meio do impacto nos indicadores de crescimento, emprego e fluxo de renda.

“Se torna evidente a urgência de uma diplomacia econômica eficaz, capaz de mitigar os efeitos adversos dessas barreiras comerciais. Isso é particularmente relevante para Mato Grosso, cuja balança comercial responde por cerca de 30% do superávit nacional. Logo, impactos sobre sua performance externa repercutem não apenas nos municípios diretamente exportadores, mas também nos indicadores macroeconômicos nacionais”, avaliou.

EFEITOS NO COMÉRCIO

Cidades que dependem do consumo gerado por produtores rurais, que agora enfrentam perdas na renda, deverão sentir retração no varejo, segundo a projeção feita pela Fecomércio. Menores vendas de insumos, implementos agrícolas e consumo doméstico podem gerar encolhimento na demanda local, encerrando o ciclo virtuoso de geração de renda e gasto.

À medida que os produtores ajustam seus contratos ou esperam por sinal de retomada, o setor comercial também deve adotar cautela. A desaceleração pode levar a estoques encalhados e campanhas de liquidação, que impactam margens e liquidez do varejo mato-grossense.

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