Acumulando queda de quase 20% nos últimos três meses, o preço da soja em Mato Grosso atingiu um patamar em que já não é suficiente para cobrir o Custo Operacional Efetivo (COE) da próxima safra. O alerta foi feito pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) no boletim semanal da safra de soja divulgado nessa segunda-feira, 26 de fevereiro.
Segundo o relatório, as despesas projetadas para a próxima safra até apresentaram redução no último mês, mas em ritmo menor do que a queda nas cotações da soja. O Imea aponta ainda que os custos projetados para a temporada 2024/25 permanecem 1,26% acima do que foi observado na safra passada. Em fevereiro, o Custo Operacional Efetivo foi calculado em R$ 5.704,70 por hectare.
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Esse patamar de custos deve criar uma situação ainda mais desafiadora para os agricultores de Mato Grosso do que o percebido na safra atual, que foi uma das mais caras da história.
“Diante dos custos elevados para a safra 24/25 e com os preços da soja futura até o momento pressionados, a situação para a próxima temporada poderá ser ainda mais desafiadora para o produtor de MT”, alerta o Imea.
Os cálculos apresentados pelo instituto indicam que os produtores de Mato Grosso precisam vender a saca de soja por R$ 98,02 para cobrir o Custo Operacional Efetivo da safra 2024/25. Para chegar a esse valor, os técnicos consideraram a média de produtividade das últimas cinco safras de soja. Acontece que, no último mês, a soja passou a ser comercializada abaixo de R$ 96 em Mato Grosso, chegando ao patamar de R$ 95,38 por saca na segunda-feira.
“Por fim, esse cenário de margens apertadas poderá influenciar no investimento do produtor para o próximo ciclo, como a manutenção ou queda da área destinada para cultivo, redução nas aplicações e menor investimento em pacote tecnológico, o que pode comprometer o rendimento da safra”, calcula o instituto.
As projeções de mercado não apontam fatores que possam comprometer a oferta de soja até a próxima safra. Sem problemas climáticos, a Argentina deve colher ao menos 50 milhões de toneladas, enquanto Paraguai e Uruguai também projetam boa oferta da oleaginosa.
Já nos Estados Unidos, as projeções apontam para o aumento da área a ser plantada e não há alertas meteorológicos, indicando para a possibilidade de aumento da produção e dos estoques americanos na próxima temporada, o que deve continuar a exercer pressão sobre os preços da soja.