O cafezinho está na boca do povo, não só no café da manhã ou durante o trabalho, mas também quando se fala sobre o seu preço atual. Nos supermercados, algumas marcas superam o patamar de R$ 100 por quilo, enquanto o preço pago pela saca de 60 kg ao produtor chega a R$ 2.582 para o café arábica e R$ 1.659 para o café conilon - o mais consumido no Brasil. Os preços atuais são mais que o dobro do praticado em janeiro de 2024, antes do começo da ‘crise do café’.
A disparada do preço, segundo análise da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), foi provocada pelo clima severo que atingiu diversas partes do mundo no final de 2023 e início de 2024. Isso afetou a produção mundial do grão e baixou os estoques para o menor patamar nos últimos 25 anos, estimados em 20,9 milhões de sacas.
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Segundo a Conab, isso significa que não devem ocorrer baixas significativas de preços em um futuro próximo, mesmo que haja aumento da produção mundial. Estimativas apontam que a produção mundial de café em 2025 deve ser de 174,9 milhões de sacas, alta de 4,1% em relação à safra do ano passado. Já o consumo global está estimado em 168,1 milhões de sacas, o que representa um aumento de 3,1% em relação a 2024.
“Em março de 2025, os preços nas Bolsas de Nova Iorque e Londres apresentaram uma ligeira redução em razão da preocupação com a demanda global e aproximação da colheita no Brasil e na Indonésia, no entanto não são esperadas reduções expressivas nas cotações em razão do baixo patamar dos estoques atuais”, afirma a Conab.
Conforme dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a disparada do preço do café se intensificou no início de 2024, quando a saca do conilon era vendida por cerca de R$ 800. Desde então, o preço disparou e chegou ao seu pico em 23 de janeiro de 2025, quando a saca era vendida a R$ 2.102, uma alta de 162%. Após isso, o valor da saca caiu 21%, chegando aos atuais R$ 1.659.
No entanto, esse valor ainda é 107% maior do que em janeiro de 2024.
O aumento de preços foi provocado pelas fortes ondas de calor provocadas pelo fenômeno El Niño, que afetou não só o Brasil, como grande parte do globo, em especial os países que ranqueiam nos primeiros lugares da produção de café mundial: Brasil, Vietnã, Colômbia, Indonésia, Etiópia e Honduras.
Na região Centro-Oeste brasileira, por exemplo, as temperaturas superaram a casa dos 43 graus Celsius em vários dias e a seca perdurou por várias semanas. A falta de chuva e as altas temperaturas prejudicam o desenvolvimento dos grãos de café, reduzindo a produtividade das plantas e causando até mesmo a perda de colheitas.
Especialistas do setor apontam que o preço do café deve permanecer em alta até 2026, mas os consumidores podem sentir algum alívio nos preços ainda este ano, a depender do resultado da safra, que está sendo colhida entre abril e maio.