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Economia Terça-feira, 14 de Dezembro de 2021, 06:30 - A | A

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RESULTADO INCERTO

Inflação deve derrubar vendas de Natal no comércio varejista

Volume total de vendas pode alcançar R$ 57,48 bilhões, mas inflação irá ‘comer’ parte do faturamento das empresas neste final de ano

Gabriel Soares

Editor-Chefe | Estadão Mato Grosso

A marcha lenta da recuperação econômica e a inflação de dois dígitos devem derrubar as vendas de Natal no comércio varejista pelo segundo ano consecutivo. Esta é a previsão de uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), divulgada nesta segunda-feira, 13 de dezembro. A expectativa é que a ‘data de ouro’ do comércio movimente R$ 57,48 bilhões em faturamento, o que representaria um crescimento de 9,8% em relação a 2020. No entanto, o desconto da inflação leva a um ajuste na comparação, que indica queda de 2,6%.

O Natal é a principal data comemorativa do varejo brasileiro, tendo respondido por 22% do total das vendas de dezembro nos últimos dez anos. Neste ano, a expectativa inicial dos comerciantes era para um aumento substancial nas vendas, já que há mais pessoas circulando nas ruas. Levantamento realizado pelo Google mostra que o fluxo de consumidores já superou em 1,9% o nível de fevereiro, retornando ao patamar pré-pandemia. No entanto, isso não deve se traduzir em mais vendas.

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“Por outro lado, a deterioração das condições de consumo materializada pela inflação elevada, juros em alta e mercado de trabalho em lenta recuperação impedem a construção de um cenário mais otimista para o varejo às vésperas do Natal de 2021”, argumentam os pesquisadores.

No cenário de carestia geral da economia brasileira, os consumidores devem gastar a maior parte de seu ‘orçamento de Natal’ nos supermercados. A pesquisa da CNC projeta que o setor de hiper e supermercados ficará com 38,5% do volume de vendas no período, o que representa R$ 22,11 bilhões. Em seguida, devem aparecer estabelecimentos especializados na comercialização de roupas, calçados e acessórios (35,3% do total ou R$ 20,28 bilhões) e as lojas de artigos de uso pessoal e doméstico (13,2% ou R$ 7,60 bilhões).

“Historicamente, [o setor de alimentos] é o principal responsável pela geração de receitas do segmento. O ramo do vestuário aparece em seguida por ser o mais impactado pela data, apresentando, em média, crescimento de 89% nas vendas, na passagem de novembro para dezembro”, avalia o presidente da CNC, José Roberto Tadros.

CEIA IMPORTADA

O cenário econômico também está influenciando a origem e os valores da ceia. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior, as importações de produtos típicos natalinos cresceram 19% (US$ 436,1 milhões) entre setembro e novembro de 2021, em relação ao mesmo período de 2020 (US$ 367,2 milhões), alcançando patamar ligeiramente inferior (-1%) ao verificado durante os mesmos três meses em 2019 (US$ 439,6 milhões).

Segundo o economista da CNC responsável pela pesquisa, Fabio Bentes, a movimentação é resultado do descasamento entre os preços praticados no atacado e no varejo, nos últimos meses.

“Os valores no mercado interno vêm sendo reajustados significativamente acima da capacidade de retenção de repasses pelo varejo ao consumidor final. Mas, mesmo tendo recorrido à importação para amenizar esse choque, os preços dos produtos tipicamente natalinos apontam tendência de alta”, avalia.

A cesta composta por esses itens mostra que os valores medidos por meio do Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) tendem a apresentar avanço médio de 13,8% nos 12 meses encerrados em dezembro. A única exceção é o bacalhau, que deve contar com queda de 2,6%. No ano passado, puxado pela forte alta dos preços dos alimentos para consumo em domicílio (+18,7%), o reajuste médio da cesta ultrapassou os 15%.

Presentear também deve ficar mais caro. Artigos de maquiagem (+16,4%); aparelhos de TV, som e informática (+14,1%); e artigos de cama, mesa e banho (+13,7%) pressionam o preço médio do conjunto de produtos. Apenas os aparelhos telefônicos (-1,4%) estarão mais baratos do que no ano passado.

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