Após 102 dias de embargo à carne brasileira, a Administração Geral de Alfândegas da China (Gacc, na sigla em inglês) anunciou nesta quarta-feira, 15 de dezembro, a retomada da importação do produto brasileiro. As importações estavam suspensas desde o dia 4 de setembro deste ano, após a detecção de dois casos atípicos da doença da vaca louca, em Nova Canaã do Norte (MT) e Belo Horizonte (MG).
A suspensão ocorreu de forma automática, por iniciativa do governo brasileiro, em cumprimento de um acordo bilateral entre os dois países. Nesse período, os produtores sofreram com queda no preço da arroba do boi, que ‘despencou’ cerca de 20%. A retomada já era prevista, pois, no final de novembro, a China já tinha autorizado a importação da carne que havia sido certificada antes do embargo.
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Francisco Manzi, diretor-técnico da Associação de Criadores de Mato Grosso (Acrimat), comemorou a retomada dos negócios com a China, destino final de mais de 50% da carne brasileira que é destinada à exportação.
“O mercado foi se adequando e abrimos novos mercados. A Rússia retomou as importações, os Estados Unidos aumentaram a quantidade, se tornando praticamente o principal destino da nossa carne durante essa suspensão e agora a gente recebe com bons olhos esse retorno da China. Nada mais é que o reconhecimento da qualidade e sanidade da nossa carne”, afirmou.
A expectativa é que as exportações voltem rapidamente ao patamar de antes do embargo, quando Mato Grosso estava exportando mais de 55 mil toneladas equivalente carcaça (TEC) por mês. Durante o embargo, o volume de exportação despencou para pouco mais de 25 mil TEC. Os dados são do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), que também aponta uma queda de mais de 50% no faturamento com as exportações de carne.
O impacto da retomada das exportações sobre o preço da carne nos supermercados ainda é incerto. Até aqui, o alto volume de exportação atrelado à desvalorização do real fizeram o preço da carne subir cerca de 22% em doze meses. O preço começou a cair após a suspensão das exportações, mas já voltou a subir na passagem para dezembro.
Manzi afirma que os produtores não sabem para onde vai a carne que produzem, pois apenas entregam o boi vivo aos frigoríficos. Apesar disso, ele garante que não é preciso retirar o produto das gôndolas dos mercados para destinar às exportações. Atualmente, o mercado interno consome mais de 75% da carne produzida no Brasil.
“A gente sabe que o problema do abastecimento do mercado interno é muito mais uma questão de renda dos brasileiros do que de falta de produtos, as gondolas estão bem abastecidas de carnes. O Brasil não precisa tirar a carne da gôndola para mandar para China. O que precisa ter é realmente renda para o produtor conseguir ser valorizado na ponta”, disse.
De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), os embarques podem ser retomados a qualquer momento. A OIE, organização internacional que acompanha a saúde animal, analisou as informações prestadas em decorrência dos dois casos da vaca louca e reafirmou o status brasileiro de “risco insignificante” para a enfermidade.