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Economia Quarta-feira, 25 de Junho de 2025, 07:02 - A | A

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CRISE AGRÍCOLA

Custo de produção da soja dispara e espreme margens dos agricultores de MT

Produção precisa render no mínimo 69 sacas por hectare para cobrir custos em Mato Grosso

Felipe Leonel

Repórter | Estadão Mato Grosso

O custo de produção da soja na temporada 2025/26 aumentou 6,5% em relação à safra anterior, segundo dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). O custo total por hectare saiu de R$ 7.111 para R$ 7.572. O aumento foi puxado pelos preços de fertilizantes e corretivos, que saíram de R$ 1.719 para R$ 1.867, alta de 8,6%.

Conforme nota da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), os produtores mato-grossenses vivem o ‘efeito tesoura’, pois enquanto o custo de produção aumenta, o preço da saca reduz e aperta as margens dos agricultores. A cotação saiu do seu pico, em 2022, de R$ 191 para cerca de R$ 110 atualmente.

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Para cobrir o custo total da produção, nas cotações atuais, os produtores precisariam produzir no mínimo 69 sacas, apenas para cobrir os custos. O presidente da Aprosoja-MT, Lucas Costa Beber, defende que sejam tomadas medidas urgentes para ajudar o produtor, pois muitos estão à beira da insolvência.

“O que estamos vivendo é uma crise silenciosa, que poucos têm coragem de admitir por medo do julgamento. A queda no preço das commodities, somada ao custo altíssimo por hectare, aos juros escorchantes e à pior relação de troca da década, está levando milhares de produtores ao endividamento crescente e, em alguns casos, à insolvência”, afirma a entidade.

A Aprosoja defende cinco questões prioritárias para evitar uma crise no campo: securitização urgente das dívidas rurais; linhas de crédito emergenciais com juros compatíveis à renda agrícola atual; revisão dos modelos de barter e proteção contra assimetrias no mercado de insumos; programa de sustentação de preços e a suspensão ou revisão de encargos financeiros sobre operações de crédito agrícola.

O custo de produção se mantém elevado desde a pandemia, enquanto a cotação da soja está ‘espremida’ entre R$ 100 e R$ 110 há cerca de 3 anos. Ademais, o setor reclama da taxa básica de juros, a Selic, que também permanece alta desde 2022, quando passou a marca de 10% e, hoje, já chega a 15% ao ano, de acordo com dados do Banco Central.

O diretor-administrativo da entidade, Diego Francisco Bertuol, alerta que, diante da crise, o acesso ao crédito fica comprometido. Além disso, é necessário que as taxas de juros sejam compatíveis com a realidade das lavouras. Bertuol alerta para a possibilidade de redução de empregos e impactos ‘severos’ na economia de Mato Grosso e dos municípios.

“O setor já vem enfrentando três anos consecutivos de queda nos preços das commodities, aumento dos custos de produção, juros elevados e eventos climáticos severos. Esse corte compromete diretamente a capacidade de investimento e custeio, sobretudo dos pequenos e médios produtores, que dependem de linhas oficiais para manter a produção”, pontua.

Segundo a entidade, os produtores não desejam deixar de pagar suas contas, mas querem continuar investindo e gerando empregos. A Aprosoja-MT defende o cumprimento integral do Manual de Crédito Rural, respeitando os direitos dos produtores à renegociação e reestruturação das dívidas dos produtores.

“A Aprosoja reforça que os produtores rurais não podem ser penalizados pelas distorções do mercado e pela ausência de políticas adequadas. A entidade continuará cobrando soluções estruturantes, ouvindo seus associados e representando com firmeza os interesses de quem trabalha para alimentar o Brasil e o mundo”, diz a nota da entidade.

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