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Economia Sábado, 27 de Novembro de 2021, 07:30 - A | A

Sábado, 27 de Novembro de 2021, 07h:30 - A | A

INTENÇÃO DE COMPRA

Com futuro incerto, cuiabanos decidem conter gastos

Deterioração das estruturas econômicas já começa a ser percebida em Mato Grosso e provoca redução na intenção de consumo das famílias

Priscilla Silva

Repórter | Estadão Mato Grosso

O sentimento de incertezas quanto ao futuro do trabalho toma conta dos cuiabanos na reta final do ano. Mesmo com o retorno do faturamento das atividades econômicas, depois de dois anos de crise sanitária do coronavírus, os cuiabanos ficaram mais prudentes na hora das compras. A perda do poder de compra, um dos efeitos da inflação, e a falta de perspectiva profissional para os próximos seis meses estão entre as razões do contingenciamento de gastos das famílias.

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Conforme pesquisa que mede a Intenção de Consumo das Famílias (ICF) de Cuiabá, o mês de novembro apresentou queda de 1,2% sobre o mês anterior e o índice atingiu 72,4 pontos. Apesar disso, ainda permanece em patamar melhor que no mesmo período do ano passado, quando estava em 68,4 pontos. O índice é definido em uma escala de 0 a 200. Valores abaixo de 100 pontos indicam insatisfação enquanto acima de 100 indica satisfação.

Porém, dois dos sete itens que compõem o ICF em Cuiabá ganham destaque negativo nesta edição. Segundo o levantamento, a perspectiva profissional é de pessimismo e a renda atual dos cuiabanos encolheu 4,7% somente na passagem do mês de outubro para novembro.

A perda nos rendimentos das famílias “já mostra uma desaceleração na recuperação da economia”, apontam os pesquisadores. O levantamento identificou que 43,9% dos entrevistados, em uma amostra de 500 pessoas, afirmaram que a renda familiar atual está pior que no mesmo período do ano passado.

A avaliação geral desse quesito se mostra insatisfatória desde setembro, sempre com pontuações abaixo de 100. Neste período, foi na passagem de outubro para novembro que a avaliação sobre a renda feita pelas famílias sofreu a maior queda dos últimos três meses, ficando em 81,3 pontos.

“A renda atual dos cuiabanos, divulgada na pesquisa, apresentou queda mensal de 4,7% sobre o mês anterior, o que ajuda a mostrar uma desaceleração na recuperação da economia. Mesmo assim, ainda temos observado condições mais favoráveis em 2021 sobre o ano anterior”, disse José Wenceslau de Souza Júnior, presidente da Fecomércio-MT.

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada durante esta semana pelo IBGE, confirma a nova realidade do mercado de trabalho. “Apesar da recuperação gradual observada no mercado de trabalho, a partir do segundo semestre de 2021, os rendimentos dos trabalhadores apresentaram queda de 2,2%, evidenciando o recrudescimento da pandemia sobre a renda efetiva do trabalhador”, reforçam os autores do estudo.

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Esse comportamento do mercado de trabalho tem raízes nas condições de trabalho que a população tem se submetido. “As pesquisas recentes revelam uma recuperação da população ocupada nos últimos meses, a ponto de indicar uma ligeira redução da taxa de desemprego. Contudo, as taxas de desocupação e informalidade permanecem em patamares bastante elevados. Houve ainda variações preocupantes em indicadores de desalento, subocupação e renda do trabalho”, complementou Sandro Pereira Silva, pesquisador do Ipea.

SEM PERSPECTIVA - Os cuiabanos também estão pessimistas com relação à carreira profissional. Conforme a pesquisa, o item que mede a perspectiva profissional registrou uma queda mensal de 7,5%, chegando aos atuais 88,4 pontos. Em comparação com o mesmo período do ano passado, o componente acumula queda de 9,4%, quando somava 97,5 pontos.

Para a federação do comércio do estado, a recente queda é reflexo dos efeitos da elevação nas taxas de juros e da inflação que atingiu todo o mundo. Para o diretor de Pesquisas do Instituto de Pesquisa e Análise da Fecomércio (IPF-MT), Maurício Munhoz, Cuiabá resistiu mais do que o resto do país, “já que no mês passado, enquanto o Brasil já apresentava queda no índice de intenção de consumo das famílias, a Capital mantinha o mesmo índice”.

“O clima inflacionário deixa a impressão de que haverá uma diminuição no consumo, no entanto, contraditoriamente, o próprio entrevistado afirma que sua perspectiva de consumo continua grande”, finaliza Maurício.

A PESQUISA - O ICF investiga junto aos consumidores as avaliações que estes fazem sobre sete itens: Emprego Atual, Perspectiva Profissional, Renda Atual, Facilidade de Compra a Prazo, Nível de Consumo Atual, Perspectiva de Consumo no curto prazo e Oportunidade para compra de bens duráveis. Todas essas avaliações podem ser analisadas separadamente e também de forma segmentada em dois níveis de renda.

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