A possibilidade de recessão da economia mundial tem preocupado gestores brasileiros, que estão apreensivos quanto aos impactos que essa crise deve causar nos Estados e Municípios, principalmente neste momento de esforços para retomar a economia após a pandemia. A avaliação é que a crise vai alcançar o Brasil, mas os mato-grossenses têm menos motivos para se preocupar com esse cenário.
O economista Vivaldo Lopes explica que Mato Grosso tem o agronegócio como propulsor da economia, o que reflete em estímulo para 35 atividades econômicas, como o transporte de mercadorias, venda de peças e de maquinário, além de gerar empregos, o que acaba movimentando o restante do comércio.
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“Quando o agro está bem, ele acaba blindando a economia de Mato Grosso”, afirma o economista, acrescentando que o agronegócio é responsável por 56% do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado.
Vivaldo afirma também que a economia mato-grossense deve crescer em torno de 6,1%, enquanto o PIB brasileiro deve crescer apenas 3%. Os dados são baseados em informações da consultoria MB Associados.
“O diferencial de Mato Grosso em relação a São Paulo, Paraná, Santa Catarina, é o agro. Portanto, é verdadeiro dizer que o agro impulsiona as outras atividades e faz uma certa blindagem econômica para Mato Grosso”, completa Vivaldo, da VLopes Econômica.
A principal preocupação dos mato-grossenses é a possibilidade de redução no comércio de commodities do agronegócio, como a soja, milho e algodão. Isso poderia levar a uma redução de cotações em um momento em que os produtores rurais já sofrem com o aumento dos custos de produção. Portanto, nesse cenário, Mato Grosso poderia ser impactado pela redução da economia mundial. Porém, as projeções de Vivaldo não apontam nesse sentido.
O economista afirma que o cenário de redução da atividade econômica já é uma realidade, pois as principais economias do mundo - como Estados Unidos da América, União Europeia e China - estão lutando contra a inflação bastante elevada. Além disso, ficam cada vez mais intensos os efeitos da guerra entre Rússia e Ucrânia, que já dura mais de 7 meses, e deve continuar afetando a economia mundial por bastante tempo.
A tendência é de encarecimento do custo de produção, especialmente os insumos do agronegócio e da indústria. Por outro lado, os três países envolvidos no conflito - Ucrânia, Rússia e Belarus - estão praticamente fora do comércio mundial, abrindo espaço para que os produtos do agronegócio brasileiro ganhem novos mercados. Assim, os preços devem encontrar um ponto de equilíbrio.
“A parte de commodities agropecuárias não vai ter aumento de preços, mas a demanda mundial continuará pressionando. Portanto, a gente vai ter uma estabilidade nos preços. Eu não conto que vai haver redução do comércio agrícola e também não conto que vai haver redução de preços das commodities agrícolas”, afirma.
O Brasil ainda terá que substituir parte da produção da Argentina, que diante da crise econômica que se encontra, não tem conseguido produzir de forma satisfatória. Vivaldo cita como exemplos as produções de carne, soja e trigo, que sofreram reduções na segunda maior economia da América do Sul.
“Portanto, essa produção vai ser substituída, comprando em outros países, como é o caso do Brasil”, conclui Vivaldo.