As mulheres sofrem cobranças da sociedade desde pequenas sobre como se comportar, se vestir e até mesmo sobre o seu futuro. Mesmo estando no século XXI, essa cultura retrógrada ainda continua assombrando as mulheres, principalmente as que furam a bolha, seja por vontade própria ou por acontecimentos do destino.
As exigências sobre as mulheres são grandes, especialmente para as jovens e mães. Olhares, comentários maldosos e até mesmo aqueles conselhos que elas nem pediram são rotineiras e acaba transformando um momento especial e individual em receoso, cheio de dúvidas e até mesmo de vergonha.
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A reportagem do Estadão Mato Grosso conversou com as Brendas, duas mulheres que foram mães jovens e que passaram por todas essas situações descritas acima. São mães responsáveis que esquecem de tirar um tempo para si para poder compartilhar momentos com os filhos.
Vamos começar contando a história da advogada Brenda Stofell, de 28 anos. Ela engravidou pela primeira vez aos 16 anos, quando estava no Ensino Médio. Na época, ela conta que sentiu um misto de emoções, pois descobriu a gravidez de uma forma diferente, e tentava imaginar como conciliar a profissão de mãe com seu maior sonho: ser diplomada.
“Minha maior preocupação, quando eu descobri que estava gestante, era vencer a inflamação que eu estava nos rins e começar o pré-natal, pois eu descobri a gestação com quase 4 meses… então, me concentrei nisso. Mas depois, sempre me pegava pensando que eu não ia conseguir me formar e dar uma vida para minha filha, pois uma criança exige muitos cuidados”, disse.
“Me senti muito sozinha, pois eu não conhecia ninguém que tivesse enfrentando uma situação como essa [gravidez na adolescência]. Então eu não tinha alguém para compartilhar essa experiência, portanto, fui seguindo aquilo que eu sentia e ouvia das pessoas que queriam meu bem”.
Apesar do otimismo, Brenda enfrentou situações vexatórias de pessoas que deveriam ser recíprocas. Cristã, ela enfrentou olhares diferentes e comentários desapropriados de pessoas que não a acolheram ou deram uma palavra de otimismo.
“Sofri preconceitos e piadas vexatórias na minha escola e na minha igreja. Senti muitos olhares de desprezo e descontentamento. Lembro de uma professora na sala de aula, que estava aplicando uma prova, e na hora que eu fui fazer uma pergunta, ela disse que só responderia se eu confirmasse se estava grávida ou não. Isso na frente de todos os alunos que estavam na sala”, relatou.
“Na igreja, por sua vez, eu ouvia pessoas dizendo “coitada” ou “a vida dela acabou”… isso comentando com meus pais. Mas também tive pessoas da igreja que estiveram em oração e me acolheram de uma forma única que eu nunca vou esquecer”.
Os olhares estranhos também foram sentidos pela jornalista Brenda Closs, de 23 anos. Ela engravidou do Antônio Otávio aos 20 anos, quando estava iniciando a faculdade de Comunicação Social, em 2020, período em que iniciou o período da pandemia do coronavírus, fato que amedrontou sua gestação.
“Fui mãe aos 20 estava na faculdade e claro enfrentei alguns olhares, mas nada que os apoios de vários colegas não me ajudassem. Na época eu me cuidava, tomava remédio, mas aconteceu. Meu filho não foi planejado, mas é muito amado”, frisou.
“Tive muito medo porque descobri a gravidez em janeiro de 2020 e em março do mesmo ano começou a pandemia de covid. Tinha medo de ir nas consultas de pré-natal e contrair o vírus, o que de fato ocorreu quando eu estava com quase 8 meses. Tive sintomas leves, mas me bateu o desespero achando que poderia morrer. Graças a Deus não tive complicações”, relatou.
Após a experiência da maternidade, agora elas enfrentam outro ponto: dividir o tempo. As Brendas exercem uma carga de trabalho semelhante, mas cada uma com sua peculiaridade.
Stofell divide os cuidados dos filhos, Isabella Valentina, 12, e Arthur Gabriel, 9, com seu marido Thiago Stofell. No entanto, ela tenta reservar um espaço para buscar os filhos na escola e ajudar nas atividades escolares e compartilhar momentos de lazer como assistir filmes e passeios.
“Como a advocacia exige bastante de mim, o acompanhamento que eu faço é sempre levando e buscando eles na escola, instruindo e permitindo que eles desenvolvam o senso de responsabilidade em tarefas escolares e domésticas. Sou completamente presente dentro daquilo que é necessário. Há dias que ocorrem alguns sacrifícios de ordem necessária para atender as demandas do trabalho ou dos estudos, mas cuido integralmente deles”, destacou.
Closs é mãe solo, mas também tem ajuda do seu ex-companheiro nos cuidados do filho. Apesar da divisão, ela enfrenta uma rotina exaustiva para separar tempo para estudar, trabalhar e o principal, cuidar do Otavio, de dois anos.
“Eu costumo dizer que tenho uma rotina tripla: estudo, trabalho e ainda cuido do meu filho, hoje com dois anos. É muito cansativo, às vezes acho que não sou uma boa mãe, me culpo, mas seguimos. Final de semana que não estou de plantão a gente passa juntos, assistimos jogos, brincamos, vamos na igreja, no parquinho”, disse.
Apesar da jornada de cada uma, a maternidade é algo que elas executam com maestria dividindo o tempo com atenção especial aos seus maiores bens: seus filhos.