Há quase dois meses, as aulas na rede estadual voltaram em todos os 141 municípios de Mato Grosso. A decisão foi tomada pela Secretaria de Estado de Educação (Seduc), que implementou uma metodologia em que os estudantes fazem um revezamento de turmas, intercalando a presença semanalmente, divididos em grupos. A nova realidade impõe um novo aprendizado: a de mesclar educação em casa e na escola.
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Uma das instituições que está colocando isso na prática é a Escola Estadual Presidente Médici, localizada na Avenida Mato Grosso, no bairro Araés, em Cuiabá. A instituição atende alunos dos Ensinos Fundamental e Médio e passa por este momento de adequação, para cumprir os protocolos definidos pela Secretaria de Educação.
Em entrevista ao Jornal Estadão Mato Grosso, a coordenadora pedagógica da escola, Soraya Ferreira da Silva, explicou que mesmo antes de ser definido o retorno oficial dos estudantes, a unidade já se dedicava a observar as dificuldades impostas pela nova realidade.
“Nessa forma não presencial, os alunos estavam tendo todo o suporte para estar sendo atendidos pelos educadores e pela unidade escolar. Como que isso se deu? Se dava pela apostila, através de movimentos na internet, das aulas interativas”, cita.
Para muitas pessoas que veem a situação pelo lado de fora, é até mais rotineiro achar que as aulas on-line seriam muito fáceis de lidar do que a presencial, isso porque não se têm o convívio ‘cara a cara’ entre educadores e estudante. No entanto, para a gestora, esse jeito em que as instituições se viram obrigadas a adotar é muito mais “trabalhoso”, pois há um planejamento muito maio a ser posto na mesa.
Soraya aponta que aprovou quando soube a decisão provinda da Seduc sobre o retorno dos alunos. Mas ressalta que no começo foi meio difícil e muitos pais ainda não deixavam seus filhos retornar ao seio escolar, o que já mudou significativamente.
“No início foi muito complicado, porque muitos pais ficaram assustados com o retorno. E ainda têm certos pais [assustados]. Mas, quase 80% dos alunos está presencial, da forma híbrida. Porque houve também para a família aquela situação [de receio] (...) principalmente do ensino médio e do ensino fundamental, a grande maioria voltou”, destaca.
A escola Presidente Médici, segundo divulgado pela diretoria, hoje tem nos dois turnos cerca de 1.870 alunos e diversos profissionais da educação, que assim como os adolescentes, esperavam pela volta do presencial. Uma dessas é a professora de Língua Portuguesa, Arci Adriana, que conta que durante todo o período de aula remota precisou se “reinventar” e mudar hábitos para conseguir lecionar.
A profissional conta que viu uma dificuldade muito grande em fazer com que os estudos fossem levados aos estudantes por uma série de fatores, como a falta de internet e outras questões. Já no quesito híbrido, Arci conta como tem trabalhado com seus alunos, depois de toda essa ‘mudança’.
“Eu posso dizer inicialmente por mim, foi impacto pra mim chegar na sala e perceber que tinha menos da metade dos alunos. O que eu imaginei, eles não vão querer voltar (...) eu me enganei, porque nas turmas que eu dou aula, já tem uma quantidade boa de alunos. Por ter menos alunos, a possibilidade de atendê-los é ainda maior por isso”, relata.
Alunos estão contentes
A professora e a coordenadora concordaram em afirmar que grande parte dos alunos da escola ficou contente em poder voltar para às salas de aula. Ana Mariana, de 15 anos, estudante do 9º ano (antiga oitava série) é uma dessas alunas. Para ela, foi um ‘baque’ tremendo não poder estar diariamente na escola, mas, a felicidade veio quando soube que poderia voltar.
“Foi meio diferente da forma que a gente voltou, mas ao mesmo tempo foi bom. Apesar de que a gente estar em casa não tem aquele risco de se contaminar com o vírus, ainda assim o ensino é muito inferior do que a gente tem presencialmente. Na escola a gente tem uma atenção mais focada na aula, e, presencialmente a gente tem mais aquilo de perguntar, não tem vergonha e pergunta mesmo”, exclama.
Já a Camile Mendes, 17 anos, é do Ensino Médio e está no terceiro e último ano da escola. Com a cobrança principal de ter que pensar já em vestibular e o que deseja fazer na faculdade, a jovem diz ter sido um ‘alívio’ ter o apoio dos professores mesmo que no final do seu período de estudos, antes da universidade.
“Todo o período do Ensino Médio a gente sonha com o terceirão (...) voltar para escola no terceirão, que é meu último ano, eu não queria acabar a minha vida escolar sem ter que pisar na escola de novo. Vou prestar vestibular sim, e creio que voltar para escola vai me ajudar muito nisso”, relata.
Amigo de Camile, Ângelo Miguel, 17 anos, cita que no período em que foi aplicado apenas o sistema remoto acredita que o aprendizado de todos, assim como o dele, caiu muito. O adolescente espera se dar bem no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e relata ter ficado radiante ao poder voltar para a escola. Ele cita como vem se cuidando no dia a dia.
“Hoje em dia a gente tem que estar sempre lidando com essas mudanças, com a utilização da máscara, distanciamento e também sempre estar usando o álcool em gel. E tem essa questão do sistema híbrido (...) ter voltado pra escola vai me ajudar bastante na questão do Enem”, conclui.