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Brasil Quinta-feira, 12 de Novembro de 2020, 12:24 - A | A

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NO DISTRITO FEDERAL

Wassef é acusado de racismo em pizzaria

Frederick Wassef é ex-advogado da família do presidente Bolsonaro. Funcionária afirma que foi chamada de "macaca". "Mentiras e calúnias", disse investigado.

Walder Galvão | G1 DF

A atendente de uma pizzaria em um shopping do Distrito Federal procurou a delegacia, nesta quarta-feira (11), para registrar uma queixa de injúria racial contra Frederick Wassef. Ele é ex-advogado da família do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

A funcionária da Pizza Hut afirma que foi chamada de "macaca" após Wassef reclamar que a pizza "não estava boa". O caso teria ocorrido no último domingo (8), no Setor de Clubes Sul, e foi registrado na 1ª Delegacia de Polícia, na Asa Sul. A denúncia foi revelada pela revista Veja.

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De acordo com a Polícia Civil, a vítima, que não teve a identidade revelada, contou aos investigadores que o advogado perguntou se a mulher teria comido a pizza e ela respondeu que não. Com a negativa, de acordo com o boletim de ocorrência, Wassef teria dito em voz alta:

"Você é uma macaca! Você come o que te derem."

Por meio de nota, Wassef negou o ocorrido. De acordo com ele, "tudo que foi dito pela funcionária são mentiras e calúnias". O advogado diz que é "vítima de uma farsa e armação montada". Ele afirmou que o caso foi organizado e visa "futura ação indenizatória para ganhar dinheiro" (leia mais abaixo).

"Não chamei ninguém de macaco. A funcionária não é negra e mentiu, afirmando que eu a chamei de negra e por isso não queria ser atendido por ela", disse.

Aos policiais, a vítima informou ainda que o suspeito é cliente frequente do estabelecimento e que é conhecido por "se tratar de uma pessoa arrogante e que destrata e ofende os funcionários". A mulher contou que já teria sido "constrangida" e "muito humilhada" por Wassef em outras ocasiões.

Wassef já representou o presidente Bolsonaro e o filho mais velho dele, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). O advogado é o dono do imóvel em Atibaia (SP) onde estava o ex-assessor de Flávio Bolsonaro Fabrício Queiroz quando ele foi preso por suspeita de participação em esquema de "rachadinha" na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

Como a vítima compareceu à delegacia na noite desta quarta, a apuração policial ainda está em fase inicial e, a partir desta quinta-feira (12), os agentes devem começar os interrogatórios.

Por meio de nota, o advogado do grupo Pizza Hut, Bernardo Fenelon, informou que acompanhou a vítima no momento do registro da ocorrência policial (leia íntegra da nota mais abaixo). De acordo com ele, "os fatos são inaceitáveis" e a cliente "espera que a justiça seja feita".

Racismo e injúria racial

De acordo com a legislação brasileira, o crime de racismo é aplicado quando a ofensa discriminatória é contra um grupo ou coletividade. Por exemplo, impedir que negros tenham acesso a estabelecimento comercial privado.

Já com base no Código Penal, injúria racial se refere a ofensa à dignidade ou decoro, utilizando palavra depreciativa referente a raça e cor com a intenção de ofender a honra da vítima.

Leia íntegra da nota de Frederick Wassef

"Tudo que foi dito pela funcionária do Pizza Hut são mentiras e calúnias contra minha pessoa. Sou vítima de uma farsa e armação montada. Sou vítima de denunciação caluniosa que foi organizada sob orientação de terceiros, visando futura ação indenizatória para ganhar dinheiro através desta fraude arquitetada.

Não chamei ninguém de macaco. A funcionária não é negra e mentiu, afirmando que eu a chamei de negra e por isso não queria ser atendido por ela. Foi fazer um boletim de ocorrência três dias após o fato narrado, levou fotógrafo para tirar sua foto na delegacia fazendo o B.O [boletim de ocorrência] e divulgou para a imprensa imediatamente.

Existem seguranças na porta do Pizza Hut, a poucos metros ao lado da pizzaria, que ali ficam permanentemente para fazer o protocolo da Covid 19, na entrada do shopping. Se fosse verdade o que a funcionária afirmou falsamente, teriam me prendido em flagrante e filmado com celulares. Outra mentira é que outros funcionários teriam testemunhado o narrado por ela. Ela estava sozinha no caixa e ninguém estava perto. Apenas parei no caixa para pagar a conta e fui embora. Vou comunicar a polícia deste crime de denunciação caluniosa do qual fui vítima."

Leia íntegra da nota da Pizza Hut

"Em razão dos recentes episódios de agressões verbais e físicas, bem como de discriminação racial/social, ocorridos na unidade da Pizza Hut localizada no Píer 21, em Brasília, por parte de um cliente contra funcionários da loja, a Pizza Hut Brasil vem a público manifestar seu absoluto repúdio aos fatos ocorridos e seu apoio aos funcionários agredidos e ao franqueado da referida unidade.

A Pizza Hut Brasil vem dando todo o suporte para os colaboradores e parceiros agredidos para que os mesmos façam valer os seus direitos e para que sejam tomadas as medidas necessárias para evitar que tais atos se repitam, entre as quais a comunicação dos fatos para as autoridades competentes mediante o registro de um boletim de ocorrência contra o agressor."

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