As obras na região do Portão do Inferno, na MT-251, seguem paralisadas e cercadas de incertezas. Após o governo do Estado desistir oficialmente do projeto inicial e o governador Mauro Mendes (União) anunciar uma “mudança de rota” na última terça-feira, 24 de junho, o conselheiro presidente do Tribunal de Contas de Mato Grosso (TCE-MT), Sérgio Ricardo, lamentou a falta de avanços e cobrou mais ação e responsabilidade do Executivo estadual.
“Se o governo não sabe o que fazer, quem que vai saber o que fazer?”, questionou, de forma crítica. “O governo, com toda a sua estrutura, se eles não sabem o que fazer, quem é que sabe o que fazer? Quem é que sabe o que que vai se fazer daqui pra frente? Eu só tenho a lamentar”.
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O novo impasse foi provocado por um problema encontrado durante as obras de retaludamento do Portão do Inferno. Foram descobertas diferenças na composição do solo, que o governador chamou de uma 'surpresa geológica', o que torna tecnicamente inviável o projeto inicial. A descoberta aconteceu após a realização de novos testes na área.
Para Sérgio Ricardo, esse estudo deveria ter sido feito desde o início, evitando perda de tempo e recursos.
“Tinham que ter visto, tinham que ter feito. Eu só acho o seguinte: que não se deu a importância para aquela obra, a importância para aquela situação que realmente essa obra tem”, disse. “Vejo assim, que não se deu toda a importância necessária.”
O conselheiro relata que vem mantendo diálogo com o secretário de Infraestrutura, Marcelo Padeiro, e que uma nova alternativa está sendo considerada, com um possível desvio da pista por dentro da serra, afastando a passagem da área instável. No entanto, ele admite que, no momento, o cenário é de retrocesso.
“Mas agora, nesse momento, volta tudo à estaca zero, o que é de se lamentar. [...] Eu fico impressionado com a falta de resultados”, declarou.
A situação, segundo Sérgio Ricardo, se agrava ainda mais com a proximidade do período de chuvas. A instabilidade da área, aliada à ausência de operários e máquinas no local, preocupa o conselheiro. “Aquela ponte, ela está pra desabar a qualquer momento”, alertou.
“É desanimador a gente ver que o seguinte, depois de tanta espera, uma cidade lá isolada e não se tem pra onde ir, não se tem o que fazer, não se sabe o que fazer. [...] Eu não esperava, né, tanta demora, não esperava tanta falta de ação”, criticou.
Ao visitar o local recentemente, Sérgio Ricardo constatou que a situação, em vez de avançar, regrediu. “Ficou-se lá um ano, não andou absolutamente nada, a obra tá pior do que antes de começar, quer dizer, foi feito menos do que já tinha, parece que diminuiu até a obra”, relatou. “Eu passei lá, fui lá verificar quinta-feira, tá parada, não tem mais ninguém trabalhando.”
A cobrança do presidente do TCE-MT é direta: “precisa de ação, precisa de ação”, reforçou. “Na minha opinião, não é uma situação difícil de se resolver. Não é uma situação difícil, né?”
Sérgio Ricardo também apontou que a classe política como um todo - incluindo o Governo - deveria ter tratado a situação com mais firmeza. “Eu entendo que deveria ter havido muito mais ações de toda a classe política. [...] Tinha que, do próprio governo, tinha que ter se agido com mais força, com mais vontade, com mais determinação, né?”
Com a estrada ainda comprometida, Chapada dos Guimarães segue vulnerável e sem uma solução concreta.
ENTENDA O CASO
O governador Mauro Mendes (União) afirmou nesta terça-feira, 24 de junho, que deve haver uma 'mudança de rota' nas obras do Portão do Inferno nas próximas semanas. O morro do ponto turístico ameaça quem passa o local, pois pedras estão se soltando e caindo na via. O governo licitou e chegou a iniciar as obras de retaludamento (cortar o morro, o afastando da estrada), mas a possibilidade foi praticamente descartada após as equipes da empreiteira descobrirem uma ‘surpresa geológica’. Enquanto isso, moradores da região cobram soluções mais céleres.
O governador disse que os técnicos da Secretaria de Infraestrutura (Sinfra) informaram que devem ter uma solução técnica até o final deste mês. Conforme Mauro, o tipo de solo encontrado na região fez com que o governo reavaliasse a solução inicialmente proposta. O governador afirmou que não tem conhecimento de outras ações que podem ser feitas.
De acordo com o chefe do Executivo, após a empresa começar a limpar o local para iniciar as obras, identificou inconsistências nos estudos iniciais. Uma sondagem mais profunda foi feita no local, o que exigiu uma complexa operação para subir uma máquina até o topo do morro.
Ainda segundo Mauro, os estudos apontam que é quase impossível de prosseguir com o retaludamento. “Isso é uma análise muito técnica, não é uma decisão do governador, do secretário, é uma decisão técnica em função dessas novas sondagens que foram feitas”, completou o gestor.
De acordo com o governador, a Sinfra deve finalizar os estudos já nas próximas semanas.
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