“Ela não chorou muito. Achei ela muito fria“. Foi assim que o delegado de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Nilson Farias, descreveu o comportamento de Andreia Cristina, mãe de Davi Lucas Oliveira Santos, de apenas 5 anos, que morreu carbonizado durante um incêndio na casa onde vivia com a família, nessa terça-feira (3), em Cuiabá.
Diante da postura da mulher e das circunstâncias do caso, a Polícia Civil confirmou que ela será formalmente investigada. Segundo o delegado, o foco inicial da investigação é verificar se houve negligência por parte da mãe e compreender a dinâmica familiar.
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“Precisamos analisar se houve, de fato, negligência da mãe. Vamos ouvir pessoas próximas para entender qual era o relacionamento entre ela e o filho. Era uma relação de afeto? Porque ela não chorou muito, achei ela muito fria. Mas pode ser apenas uma característica pessoal dela”.
Andreia Cristina declarou que se preparava para sair com o filho quando o incêndio começou. Os indícios são de que o incêndio teria começado após a explosão de uma panela de pressão.
“Eu fui pegar uma Coca para nós, porque tinha que levar ele ao HMC. Aí só vi a explosão no quarto. Escutei ele gritando: ‘mãe!’. Um homem conseguiu me puxar de dentro e tirar a moto. Foi tudo muito rápido. Quando acordei, não tinha mais nada”, disse, abalada.
Durante o incêndio, um vídeo gravado por vizinhos e compartilhado nas redes sociais mostrou a residência em chamas e a mãe gritando pelo filho, que estava preso nos escombros.
O delegado afirmou que a investigação também irá apurar o papel do padrasto da criança e buscará entender se havia sinais de conflito familiar ou histórico de abandono.
“Temos que aprofundar para saber o relacionamento entre eles. Vamos fazer uma análise de família para saber: essa criança incomodava? Era uma criança amada? Foi um alívio perder o filho ou foi uma tristeza? Então, temos que buscar tudo isso para poder chegar à conclusão desse inquérito”.
A investigação foi instaurada não apenas pela frieza demonstrada pela mãe, segundo o delegado, mas também por inconsistências no relato do homem que se apresentou como padrasto da criança.
De acordo com a apuração inicial, ele entrou na casa em chamas para socorrer apenas a mulher e retirou uma motocicleta do local, deixando de prestar socorro à criança, que acabou morrendo carbonizada.
O caso segue sob investigação da DHPP.
O caso
O incêndio, que causou a morte do pequeno Davi Lucas deixou a casa onde a criança morava com a mãe destruída. O caso aconteceu no bairro Lula Brasil 2, na região do Contorno Leste, na Capital.
A reportagem da TV Centro América esteve no local e presenciou a situação.
O Corpo de Bombeiros foi acionado via Ciosp, mas, ao chegar no local, as chamas já haviam tomado toda a estrutura, construída de madeira. Segundo o tenente-coronel Alex Queiroz da Silva, a morte da criança foi confirmado ainda no local.
“Infelizmente, nossa equipe chegou e já encontrou a casa totalmente destruída pelo fogo. A mãe relatou que houve uma explosão. Ela desmaiou e foi retirada por um homem que passava na rua. Quando retomou a consciência, a casa já estava toda em chamas”, explicou o tenente-coronel.
