Três fases da Operação Sisamnes, que apuram a morte do advogado Roberto Zampieri e um esquema de corrupção envolvendo vazamento de informações e vendas de sentença, foram deflagradas em três dias consecutivos pela Polícia Federal. As operações, que começaram a ser anunciadas na quarta-feira, 28 de maio, e só terminaram nesta sexta-feira, 30, revelaram um grupo especializado em matar autoridades, afastaram um juiz e chegaram até ao prefeito de Palmas, capital do Tocantins, em uma ação de busca e apreensão.
Conforme informado pela reportagem do Estadão Mato Grosso, a 7ª fase da Operação Sisamnes, deflagrada na quarta, revelou a existência de um grupo de assassinos e espiões especializados em matar autoridades. O grupo se autodenominava Comando C4 (Comando de Caça a Comunistas, Corruptos e Criminosos).
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Segundo a investigação da Polícia Federal, o grupo C4 cobrava R$ 250 mil para monitorar ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). A tabela de preços também previa o valor de R$ 150 mil se a vítima fosse senador e R$ 100 mil se a vítima fosse deputado.
Nas investigações, a Polícia Federal teria encontrado em uma agenda do grupo os nomes de dois ministros do STF - Alexandre de Moraes e Cristiano Zanin -, além do ex-presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Dentre os nomes apontados por integrar o Comando C4 estão o trio já preso por financiar, orquestrar e executar Zampieri na porta do seu escritório no dia 5 de dezembro de 2023. São eles: Etevaldo Luiz Caçadini, Antônio Gomes da Silva e Hedilerson Barbosa. Todos 'ganharam' novos mandados de prisão.
Além dos três presos, outros dois suspeitos de integrar o grupo são o produtor rural Aníbal Manoel Laurindo e Gilberto Louzada da Silva. Aníbal é apontado como o homem que mandou matar Zampieri.
O grupo continua a ser investigado e a Polícia Federal ainda não levantou se houve, de fato, articulação para matar alguma autoridade.
8ª FASE
Um dia depois, o Judiciário de Mato Grosso voltou à mira da Polícia Federal na 8ª fase da Operação Sisamnes. Na quinta-feira, 29 de maio, o juíz Ivan Lúcio Amarante, da Comarca de Vila Rica, teve seu passaporte recolhido e foi afastado das suas funções públicas por determinação do Supremo Tribunal Federal, que também determinou o bloqueio de R$ 30 milhões.
Segundo as investigações, foi identificado um esquema de lavagem de dinheiro, montado para dissimular pagamentos milionários de “propinas” em troca de decisões judiciais proferidas por magistrado vinculado ao Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso.
Ivan já estava na mira de outros órgãos devido à suspeita de venda de sentença. Na terça-feira, 27 de maio, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) instaurou um Processo Administrativo Disciplinar e manteve afastado o juiz, que está fora do cargo desde outubro de 2024.
9ª FASE
Já na sexta-feira, o prefeito Eduardo Siqueira (Podemos) foi alvo de buscas da 9ª fase da Operação Sisamnes. A investigação apontou que ele supostamente teria vazado informações sobre investigações e operações do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Conforme informações, foram realizadas buscas na casa e gabinete de Eduardo, além da unidade penal de Palmas. O advogado Michelangelo Cervi Corsetti, de Brasília (DF), que trabalha para Eduardo, também foi alvo da PF.
Durante coletiva em seu gabinete, em Palmas, Eduardo afirmou que sabe do que se trata a investigação, mas negou que tenha vazado informações sigilosas.
“Eu sou fonte de muita gente. Acho que vocês sabem o tanto que sei ou não sei, eu só sei o que dizem por aí. Eu não tenho nenhuma informação privilegiada. Estou aqui para responder em relação suposto vazamento de informação perante o STJ. Eu não tenho fonte no STJ, não é meu papel”, disse o prefeito.