Ao enviar o projeto da Lei Orçamentária Anual de 2022 para o Congresso Nacional, o ministro Paulo Guedes fez questão de se eximir de qualquer culpa pelo caos econômico vivido no Brasil, por mais que a insegurança fiscal seja o principal motivo para a disparada do dólar. Joga no colo dos outros um problema que deveria ser seu e agora articula para realizar mais uma gambiarra, que tende a causar ainda mais insegurança fiscal.
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Focado nas eleições, o governo federal tenta a todo custo viabilizar o aumento do Bolsa Família, agora chamado de Auxílio Brasil. Como não pode implantar o programa de assistência social em 2022, devido às restrições do período eleitoral, o governo resolveu se adiantar para inicia-lo em outubro. Para isso, mais uma gambiarra: o aumento repentino no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), para custear o novo valor até que consiga aprovar no Congresso a reforma do Imposto de Renda.
Mas se engana quem pensa que as gambiarras acabam por aí. Elas ainda estão sendo construídas aos montes em meio à tramitação do Orçamento de 2022 no Congresso. Sem capacidade para articular e muito menos disposição, o governo apenas assiste o avanço feroz do Centrão sobre os recursos. Fica cada vez mais difícil equacionar os problemas que envolvem o Orçamento de 2022, como os precatórios majorados e o aumento do Bolsa Família, diante da voracidade com a qual os parlamentares lutam para aumentar a dotação para emendas.
Em vez de propostas sérias e negociações acertas, o que se vê é a tentativa de resolver o problema à moda brasileira, empurrando com a barriga. Já se fala em um calote de até R$ 50 bilhões nos precatórios, empurrando seu pagamento para 2023, em um novo modelo de pedalada fiscal. A proceder dessa forma, arrisca-se a criar uma dívida de R$ 170 bilhões em precatórios até 2026, construindo uma bola de neve que só tende a aumentar com o passar dos anos.
Até haveria espaço para ampliação dos programas sociais e o pagamento das dívidas do governo, mas para isso seria necessário haver uma ampla negociação para reduzir emendas e enxugar gastos que são desnecessários. Só que, para isso, seria preciso poder de articulação e organização, atributos que parecem não ser o ponto forte do atual governo, tão afeito ao enfrentamento. E assim, o Brasil vai sendo governado por meio das gambiarras.