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Opinião Quarta-feira, 01 de Dezembro de 2021, 06:00 - A | A

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EDITORIAL - 1/12/2021

A volta dos empregos

Da Editoria

Editoria | Estadão Mato Grosso

Enfim a economia brasileira dá sinais de melhora. A taxa de desemprego recuou de 14,2% no segundo trimestre para 12,6% no terceiro trimestre, conforme dados da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgados nesta terça-feira (30) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Houve melhora tanto na geração de empregos formais quanto informais. No entanto, ainda restam 13,5 milhões de desempregados no Brasil.

A volta do emprego se dá com um alto preço para os trabalhadores, que viram sua renda encolher ao menor nível desde 2012, com redução de 11,1%. O movimento de retrações começou no quarto trimestre de 2020, com perda de 4% em relação ao período anterior. Naquela época, o rendimento médio dos trabalhadores brasileiros era de R$ 2.766.

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Os recuos sucessivos ao longo de 2021 levaram o rendimento médio a R$ 2.459. É o pior valor desde o quarto trimestre de 2012, quando a renda média dos trabalhadores estava em R$ 2.451. Com isso, a massa salarial - soma de todos os salários pagos aos trabalhadores durante o ano - está R$ 1,688 bilhão menor que há um ano, embora o número de pessoas empregadas tenha crescido no mesmo período.

O avanço da vacinação contra a covid-19 e a melhora nos índices da pandemia são apontados como os fatores que impulsionaram a recuperação do emprego no último trimestre. Os dados mostram que foram abertas 3,592 milhões de vagas em apenas um trimestre. Para efeitos de comparação, o número de vagas criadas em um ano é de 9,537 milhões. O total de pessoas ocupadas já supera o nível pré-pandemia em várias atividades: agricultura, indústria, construção e comércio.

A queda na taxa de desemprego tem sido percebida pelo IBGE desde julho e está em linha com a recuperação do setor de serviços, o maior empregador na economia brasileira. Contudo, ainda há dúvidas sobre a capacidade de sustentação da situação atual, já que o comércio tem apresentado resultados negativos nos últimos meses após um longo período de altas. A confiança do comércio recuou 6,2 pontos em novembro, caindo para 88 pontos – zona do pessimismo. Na mesma toada, a confiança do setor de serviços recuou 2,3 pontos, chegando a 96,8 pontos, retornando à zona de pessimismo.

A desconfiança do empresariado é um reflexo da crescente e avassaladora inflação, que já bate na casa dos 10 dígitos e tem esmagado o poder de compra dos trabalhadores. Com cada vez menos dinheiro livre no orçamento familiar, os brasileiros estão adiando as compras, o que cria um efeito cascata na economia. As ações do governo para conter a deterioração econômica têm se mostrado insuficientes até aqui, resumindo-se a propostas mais populistas do que efetivas. A recuperação econômica perdeu espaço na agenda, pois a preocupação é toda com a disputa eleitoral de 2022.

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