Pelo menos 51 pessoas morreram e outras 200 ficaram feridas após tanques israelenses abrirem fogo contra uma multidão que aguardava ajuda humanitária na Faixa de Gaza, nesta segunda-feira, 16 de junho. O episódio ocorreu na cidade de Khan Younis, ao sul do enclave, e é considerado um dos mais sangrentos desde o início do conflito, de acordo com informações divulgadas por médicos locais.
Segundo a Reuters, testemunhas relataram que milhares de palestinos estavam reunidos na principal via leste da cidade na tentativa de acessar alimentos vindos em caminhões de ajuda. “De repente, eles nos deixaram seguir em frente e fizeram com que todos se reunissem, e então começaram a cair projéteis, projéteis de tanque”, disse um morador identificado como Alaa, entrevistado no Hospital Nasser. “As pessoas estão morrendo, sendo despedaçadas para conseguir comida para seus filhos.”
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Com hospitais superlotados e a escassez de ambulâncias, os feridos foram transportados em carros particulares, carroças e riquixás. Pelo menos 20 vítimas estão em estado crítico, segundo os profissionais de saúde.
Em nota, as Forças de Defesa de Israel (IDF) confirmaram ter feito disparos na área, alegando que “foi identificada uma aglomeração adjacente a um caminhão de distribuição de ajuda que ficou preso na área de Khan Younis, próximo às tropas”. A nota também afirma que o episódio está sob investigação: “As IDF estão cientes de relatos sobre vários indivíduos feridos por disparos após a aproximação da multidão. As IDF lamentam qualquer dano a indivíduos não envolvidos e trabalham para minimizar ao máximo os danos a eles, mantendo a segurança de nossas tropas.”
Ainda na segunda-feira, outras 14 pessoas foram mortas em ataques aéreos e disparos israelenses em diferentes partes do território, elevando o número total de mortos no dia para pelo menos 65.
Grande parte da ajuda atualmente permitida em Gaza está sendo distribuída por meio da Fundação Humanitária de Gaza (GHF), organização apoiada por Israel e pelos Estados Unidos. A GHF opera centros de distribuição em zonas sob proteção militar israelense. As Nações Unidas, no entanto, criticam o modelo, classificando-o como perigoso, insuficiente e contrário aos princípios de imparcialidade da ajuda humanitária.
Autoridades palestinas afirmam que centenas de civis já morreram tentando alcançar os pontos de distribuição da GHF. Apenas na cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, outros 23 palestinos teriam sido mortos por disparos israelenses durante tentativas de acesso à ajuda, também na segunda-feira.
Apesar das denúncias, a GHF declarou em comunicado à imprensa que já distribuiu mais de três milhões de refeições em seus quatro centros de operação "sem incidentes".