Os promotores de Justiça Samuel Frungilo e Vinicius Gahyva Martins, do Ministério Publico de Mato Grosso (MP-MT), se manifestaram contra a decisão da Justiça que soltou quatro envolvidos no assassinato do advogado Renato Nery. Wekcerlley Benevides de Oliveira, Jorge Rodrigo Martins, Leandro Cardoso e Wailson Alesandro Medeiros Ramos foram soltos no último dia 29 de maio. O recurso do MP foi encaminhado à Justiça na última terça-feira, 3 de junho.
“Diante do exposto, o Ministério Público do Estado de Mato Grosso requer o conhecimento e provimento do presente recurso, para que seja reformada a decisão recorrida, restabelecendo-se a prisão preventiva dos recorridos Wekcerlley Benevides de Oliveira, Jorge Rodrigo Martins, Leandro Cardoso e Wailson Alesandro Medeiros Ramos, com fundamento nos argumentos supra expostos”, pediram.
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O juiz Francisco Ney Gaíva, da 14ª Vara Criminal de Cuiabá, concedeu liberdade aos acusados sob o entendimento de que não houve novos elementos e que os quatro não demonstravam risco à sociedade.
Entretanto, os promotores rebateram afirmando que o MP trouxe elementos técnicos que comprovam a gravidade do caso. Eles citam a atuação dos policiais para forjar um confronto armado, no qual a arma utilizada para matar Nery foi 'colocada' nas mãos de um criminoso morto.
“Os elementos probatórios reunidos demonstram de forma inequívoca que não houve confronto real, mas sim uma execução deliberada seguida de inovação artificiosa da cena do crime. A perícia balística comprovou que os projéteis e estojos encontrados na cena foram disparados exclusivamente pelas armas dos próprios policiais denunciados, e não pelas armas supostamente em posse das vítimas”, relatou.
Além disso, os promotores citaram que no celular de Wailson havia uma foto de Renato Gomes Nery, apenas um dia após o assassinato dele, além de pesquisas na internet referente ao assassinato dele. Em áudios e mensagens extraídos do celular de Wailson, o suspeito também conta que trocou tiro e drenou o sangue da vítima do suporto confronto.
Jé em relação a Jorge e Leandro, os promotores explicam que os dois já foram alvos da Operação Simulacrum e respondem como réus na ação judicial do caso. Eles citam ainda que, no telefone de Leandro, também encontraram um grupo em que os quatro réus conversavam sobre combinar versões, o que indica tentativa de obstrução de justiça.
“As conversas no grupo evidenciam clara tentativa de combinação de versões e obstrução da justiça. Há orientações explícitas sobre depoimentos: "Sempre conforme o B.O., entendeu? O B.O. tá ali da uma olhada de novo", demonstrando coordenação para manter versão uniforme baseada no Boletim de Ocorrência. A preocupação com divergências é expressa na mensagem: "Nada, eu acho que deve tá dando divergência em nosso depoimento", apontou nos autos.
Os militares estão presos desde o último dia 18 de março, quando foram alvos da “Operação Office Crimes: A Outra Face”, deflagrada pela Polícia Judiciária Civil (PJC).
SOBRE O CASO
Renato Nery foi executado na porta de seu escritório, na Avenida Fernando Corrêa da Costa, em Cuiabá, na manhã do dia 7 de julho de 2024, quando descia de seu carro. As investigações apontam que o executor já estava à espreita, aguardando sua chegada para tirar sua vida.
O caso segue em investigação e recentemente resultou na prisão de dois empresários. Julinere Goulart Bentos e seu marido, César Jorge Sechi, foram detidos preventivamente suspeitos de desembolsar R$ 200 mil pela morte do advogado.
Conforme informado pela reportagem do Estadão Mato Grosso, a morte de Nery foi planejada após mais de três décadas de uma briga na justiça por uma propriedade rural estimada em R$ 30 milhões e que está localizada no município de São Joaquim.
Nery, que ganhou a disputa sobre as terras no Superior Tribunal de Justiça (STJ), sofria ameaças, mas acreditava que não seria assassinado porque meses antes da sua morte, outro advogado, Roberto Zampieri, havia sido morto na porta do seu escritório e em pouco tempo, toda a rede envolvida na sua morte foi desmantelada e os envolvidos presos.
Contudo, enquanto achava que não seria alvo dos criminosos, Nery já estava na mira deles. Segundo informado pela reportagem, o plano para assassinar o advogado começou a ser planejado com meses de antecedência.
Em abril de 2024, o então 3° sargento da Polícia Militar, Heron Teixeira Pena Vieira, alugou uma chácara em Várzea Grande e que serviu de “QG do crime” no dia 16 de abril. Um dia depois, Heron foi até Primavera do Leste, tratar com Jackson Pereira Barbosa, outro policial preso pela morte de Renato.