“A sentença foi muito vergonhosa”, disse Jane Patrícia Lima Claro sobre a condenação da tenente do Corpo de Bombeiros, Izadora Ledur, quase cinco anos depois da morte de seu filho Rodrigo Claro, aos 21 anos, após participar do treinamento ministrado pela militar. A condenação por maus-tratos com pena de um ano em regime aberto, sem perda da patente, foi proferida juiz Marcos Faleiros do Tribunal de Justiça de Mato Grosso na última quinta-feira (23) e deixou a sociedade revoltada.
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Em entrevista ao Estadão Mato Grosso, Jane afirma que não houve uma punição justa. Ela avalia que a sentença dá brecha para a tenente fazer as mesmas coisas que levaram à morte de Rodrigo, agora com a Justiça ao seu lado. “Ela não teve punição, até porque isso não pode ser chamado de pena. Ela [Ledur] continua livre para fazer tudo o que ela já vinha fazendo ao longo dos anos e não foi barrada. E mais uma vez, ela vai continuar”, lamentou.
Ela continua. “Quem será o próximo jovem a ser torturado e morto nas mãos dela? Agora ela está mais forte, com a Justiça ao lado dela”, desabafou.
Em 2020, o Ministério Público Estadual chegou a pedir que a tenente Ledur fosse julgada pelo crime de tortura. Na época, o pedido foi protocolado pelo promotor Paulo Henrique Amaral Motta, que também pediu a perda do posto e da patente de oficial. Ambos os pedidos foram rejeitados durante o julgamento ocorrido na última quinta-feira.
“O sentimento que eu tenho hoje é que mataram o meu filho novamente. Esse é o sentimento que eu tenho. Ele foi morto lá trás pelas atitudes da Ledur e foi morto novamente, agora pela Justiça de Mato Grosso”, disse a mãe do soldado Rodrigo Claro.
Jane disse que está em contato com advogado desde a última quinta, para saber quais os passos que tomará a partir de agora. “Vamos sentar pra conversar nos próximos dias, para saber o que poderemos fazer de agora em diante, tentar conversar com o Ministério Público para saber os rumos a serem tomados”, finalizou.
O CASO - Rodrigo Claro, na época com 21 anos, morreu após sofrer convulsões quase uma semana depois de se queixar de fortes dores na cabeça durante um treinamento prático na Lagoa Trevisan, em Cuiabá, no qual a tenente Ledur atuava como instrutora no caso.
Nas investigações que apuraram as causas da morte do jovem, apontaram que ele foi submetido a intenso sofrimento físico e mental, com uso de violência física e psicológica. Ele foi submetido a uma série de afogamentos intencionais, denominados caldos.
Durante a realização das aulas, Rodrigo queixou-se de dor de cabeça. Passando mal, ele informou ao instrutor que não conseguiria terminar a aula e foi liberado para ir ao hospital, onde permaneceu por cinco dias, antes de falecer, no dia 15 de novembro.