Um estudo recente publicado pela revista científica Frontiers in Public Health revelou um alerta preocupante: o aumento das temperaturas está correlacionado ao crescimento nos casos e na mortalidade por câncer entre mulheres. A pesquisa avaliou as últimas duas décadas em 17 países do Oriente Médio e do Norte da África, focando nos cânceres de mama, ovário, útero e colo do útero, e encontrou um “aumento pequeno, mas significativo” na incidência e mortalidade dessas doenças.
Embora os dados sejam de uma região distante, os resultados têm tudo a ver com a realidade de Mato Grosso. Conhecido por seu clima quente o ano inteiro e com registros de aumento médio da temperatura anual, o estado enfrenta, assim como o restante do mundo, os impactos das mudanças climáticas. O calor intenso, a baixa umidade e os períodos de seca prolongada tornam-se um cenário preocupante para a saúde da população, especialmente das mulheres.
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Segundo o estudo, a intensificação da radiação ultravioleta, provocada pela diminuição da camada de ozônio, e o aumento da poluição do ar, principalmente em regiões afetadas por queimadas e estiagens, elevam os riscos de desenvolvimento de diversos tipos de câncer. A exposição contínua a esses fatores ambientais, somada a hábitos de vida e falta de acompanhamento médico regular, cria um cenário alarmante.
Para o médico mastologista Luciano Florisbelo, a pesquisa reforça a necessidade de maior atenção com a saúde feminina no contexto climático de estados como Mato Grosso. “As mulheres mato-grossenses vivem em um ambiente com calor constante, muitas vezes acima dos 35?°C, e precisam redobrar os cuidados com a saúde. O impacto ambiental nas doenças oncológicas é uma realidade que a medicina começa a compreender melhor. Mas a prevenção continua sendo nossa maior aliada”, alerta.
O especialista destaca a importância do autoexame, da realização periódica de mamografias e exames ginecológicos, da alimentação equilibrada e da proteção contra o sol como medidas fundamentais. Além disso, recomenda atenção à exposição prolongada em ambientes com ar poluído, comum durante as temporadas de queimadas.
“O diagnóstico precoce pode salvar vidas. E com o agravante ambiental somando-se aos fatores já conhecidos de risco, como histórico familiar, sedentarismo e tabagismo, o cuidado com a saúde deve ser contínuo, não apenas quando surgem sintomas”, completa o médico.
ESTUDO – Examinando o aumento das temperaturas, casos de câncer e mortes por câncer entre 1998 e 2019, os cientistas descobriram que os casos dos vários cânceres aumentaram de 173 para 280 por 100.000 pessoas para cada grau Celsius de aumento. As mortes aumentaram de 171 para 332 por 100.000 para cada grau. Tanto em casos quanto em mortalidade, o câncer de ovário foi o que mais aumentou.
"A descoberta mais impressionante foi a consistência da correlação entre os aumentos de temperatura e a prevalência e mortalidade por câncer, não apenas regionalmente, mas também em vários países individualmente", disse,Wafa Abuelkheir Mataria, coautora do artigoe pesquisadora sênior da Universidade Americana do Cairo. Casos e mortes aumentaram no Catar, Bahrein, Jordânia, Arábia
Saudita, Emirados Árabes Unidos e Síria.
Pode haver fatores agravados pelo calor em jogo, escreveram os autores - incluindo a poluição. Quando está mais quente, a poluição prejudicial pode ser pior.