Depois de bater recorde de preço, o litro de leite pago ao produtor mato-grossense dá sinais de queda. Levantamento ainda em andamento realizado pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) aponta que os preços seguem mais estáveis e as estimativas apontam para uma queda de 0,88% na média estadual. A possível queda no preço tem influência sazonal, devido ao início da estação chuvosa no estado.
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A previsão de queda no preço do leite pago ao produtor pode inviabilizar a produção. Nos últimos meses, o custo para manter a atividade cresceu mais do que o valor pago pelo produto. Na média nacional, feita pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, ficou comprovado que os custos de produção avançaram 14% neste ano, enquanto o preço do leite ao produtor subiu 6%.
Nem no melhor momento da cadeia leiteira a vantagem ficou ao lado do produtor, que ainda corre riscos. “O aumento das cotações do leite, no entanto, não tem refletido em maior rentabilidade para o produtor, uma vez que a valorização no campo está atrelada justamente às intensas altas nos custos de produção”, pondera Natália Grigol, pesquisadora do Cepea.
Conforme a avaliação dos dados coletados pelo Cepea, a alta de 14% no custo operacional da atividade, desde o início deste ano, ocorreu em razão de fatores climáticos e de mercado.
“Num contexto de adversidade climática, em que a estiagem prejudica a alimentação volumosa do rebanho, a elevação dos custos de produção, sobretudo dos insumos ligados ao manejo nutricional (como concentrado e suplementação mineral), tem desestimulado investimentos na atividade e, consequentemente, impedido um ajustamento rápido da oferta à demanda”, detalhou.
Em Mato Grosso, na contabilização feita pelo Imea, o custo médio de produção no 2º trimestre deste ano era de R$ 0,82/l. O levantamento do instituto identificou os gastos que mais aumentaram e pesam no bolso do produtor.
“Para se ter ideia, a aquisição de animais foi o item que mais influenciou no aumento dos custos, que teve alta de 20,85% devido à valorização da arroba do boi, e sua participação no custo foi de 14,16%. Já o gasto com suplementação animal, que representa 43,44% do Custo Operacional Efetivo (COE), subiu 18,13% no segundo trimestre, influenciado pelo aumento nos insumos utilizados na ração bovina”, descreve o Imea. No período, o produtor mato-grossense trabalhou com margens espremidas, com leves alívios ocasionados pelos preços no campo.
A pesquisadora Natália Grigol, do Cepea, ressalta que o setor pode enfrentar “desajustes” nos próximos meses. Problemas com a matéria-prima mais cara seguem influenciando a atividade, já que há pouca margem para repassar aos consumidores.
“Agentes de mercado consultados afirmaram que a demanda por lácteos não se recuperou como previsto e que as negociações estão enfraquecidas desde a segunda quinzena de agosto”, revela.
TENDÊNCIA DE QUEDA - O leite captado no mês de julho, pago em agosto, teve o maior valor registrado pela série histórica do Imea, iniciada em 2015. No período, o preço médio do litro de leite pago ao produtor aumentou 3,54% no comparativo mensal e fechou em R$ 2,09/l em Mato Grosso.
À época, a valorização do preço refletia a baixa oferta no campo. A indústria disputava matéria-prima que estava escassa, devido ao intenso período de estiagem no estado. Com pouco leite no mercado, o índice de captação do Imea caiu em 8,99% e ficou em 47,89, sendo esse o menor valor já registrado na série histórica do Instituto.
Para o próximo levantamento, os resultados preliminares indicam que os preços poderão ter uma leve queda, que, na avaliação dos analistas do Instituto, pode se acelerar nos dois últimos meses do ano.
“As cotações devem permanecer mais estáveis até outubro, com tendência de maiores quedas nos últimos dois meses do ano devido ao aumento de chuvas e maior oferta de pasto”, aponta levantamento feito junto a agentes do setor.