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Economia Sábado, 27 de Fevereiro de 2021, 07:30 - A | A

Sábado, 27 de Fevereiro de 2021, 07h:30 - A | A

PAGANDO PARA TRABALHAR

Motoristas de aplicativo abandonam seus postos

Priscilla Silva

Trabalhar com aplicativo de transporte urbano está deixando de ser vantajoso em Mato Grosso. Nos últimos meses, os gastos com manutenção e combustível transformaram os minguados lucros da atividade em prejuízos para uma parcela dos motoristas. Em 2021, cerca de 8% desses trabalhadores desistiram da atividade em Mato Grosso, devido à incidência dessas altas. O preço dos combustíveis é apontado como o grande vilão.

Os efeitos das altas dos combustíveis trazem um peso maior de inflação no bolso dos motoristas de aplicativos. Com o preço do etanol variando entre R$ 3,27 e R$ 3,59, ao longo desta última semana de fevereiro, mais motoristas de aplicativo desistiram de rodar. De acordo com Cleber Cardoso, presidente da Associação dos Motoristas de Aplicativo (AMA-MT), cerca de 8% dos 380 associados abandonaram a atividade desde o início do ano.

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“Hoje o nosso maior vilão é o combustível. Por exemplo, para um carro 1.0 gastamos uma média de R$ 1.300 mensais com combustível. No caso de carro próprio, ainda temos que tirar a renda da família. Se alugado, acrescenta mais um custo”, explica.

Cleber também lembra que, ao chegar no Brasil, as plataformas de aplicativos de transportes vieram com a proposta de ser um “extra” para os colaboradores. “Porém, hoje, só em Cuiabá e Várzea Grande, cerca de 5 mil motoristas sobrevivem, ou sobreviviam, apenas da renda desses aplicativos”, destaca.

Para chegar à conclusão se está valendo a pena ou não continuar atuando, os motoristas tentam fazer caber os custos gerados pela atividade dentro da pequena comissão paga pelas plataformas, cujas tarifas não acompanharam os aumentos.

“Tudo subiu. O combustível aumentou, mas a tarifa para o motorista não. Muito pelo contrário, ela diminuiu. A começar pelas brigas entra as plataformas [competição de preços], que no final quem está pagando essa conta são os motoristas”, afirma Cleber.

Após quase sete anos de atividade no mercado brasileiro, os colaboradores das plataformas de serviços de transporte privado urbano já conseguiram desenvolver uma fórmula para calcular o custo-benefício. Na conta, os gastos mensais que mais pesam são manutenção do óleo do motor e combustível.

“Em Cuiabá, colocando na ponta da caneta, se no final do dia você não tiver para receber o mínimo de 8 reais por viagem, não está compensando rodar. Então é a hora que o motorista desiste, porque sem isso ele não consegue tirar o custo do combustível e levar alguma coisa para casa. O melhor é guardar o carro e ir para outra atividade”.

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