Mesmo em um momento no qual empresários estão cautelosos com o cenário econômico para 2023, a indústria de etanol em Mato Grosso segue acelerando e deve alcançar a marca de 5 bilhões de litros de etanol hidratado no próximo ano. Um crescimento de mais de 10% frente aos 4,38 bilhões de litros estimados para este ano. Esse incremento é resultado de uma série de investimentos que estão em andamento, na construção de indústrias e ampliações, aumentando a capacidade produtiva do álcool combustível e seus derivados.
Lhais Sparvoli, diretora-executiva do Sindicato das Indústrias de Bioenergia de Mato Grosso (Sindalcool/MT), afirma que os investimentos em andamento serão mantidos no mesmo ritmo. Já os que ainda estão em planejamento aguardam as definições do novo governo quanto à equipe ministerial e as políticas públicas que devem ser implementadas.
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Em Primavera do Leste, por exemplo, a FS Bioenergia vai inaugurar uma planta com capacidade para produzir 500 milhões de litros por ano. Só com esse volume de etanol, o estado poderia chegar próximo dos 5 bilhões de litros. A inauguração deve ocorrer no primeiro semestre.
Também é esperada a inauguração de outra usina em Campo Novo do Parecis ainda em 2023.
Lhais afirma, entretanto, que um número mais preciso da estimativa de produção só poderá ser conferido no início do ano. Entretanto, além dos investimentos, o setor também precisa contar com uma boa ‘ajuda de São Pedro’, com chuvas regulares, para atingir essa marca.
“Esperamos que a gente amplie um pouco essa produção de etanol de milho, acho que atinge os 5 [bilhões], sim. Vou ter um número melhor, mais bem estimado, na hora que a gente fechar a safra no começo do ano”, pontua.
Já a produção do etanol de cana-de-açúcar deve se manter no mesmo patamar de 2022, pois as indústrias estão planejando uma ampla renovação de canavial. Também está projetado o plantio em uma área maior, o que não deve se refletir diretamente na produtividade do ano de 2023, pois é necessário aguardar mais de um ano para cortar e moer a cana.
Além da abertura de novas indústrias, os investimentos também estão sendo voltados para tecnologias que trazem melhorias de produtividade e para a adaptação para produção de açúcar. Outra vertente são os projetos para reaproveitamento de subprodutos da produção de etanol, como o bagaço da cana, na produção de biogás e biometano, que podem ser usados para abastecer a frota de veículos pesados.
"A planta irá converter em biogás os resíduos líquidos e sólidos (vinhaça, torta de filtro e palha) resultantes do processamento de cana-de-açúcar, outras biomassas e resíduos agroindustriais locais, servindo também como uma plataforma de tratamento de efluentes orgânicos", explica.
“Esses investimentos ainda estão em fase inicial de projeto e devem demorar um pouco mais pra acontecer. Nós temos políticas de governo que devem ser definidas e assim que tivermos as definições de ministérios e algumas políticas públicas, algumas coisas que estão aguardando isso devem seguir também”, acrescenta Lhais.
INDÚSTRIA EM EXPANSÃO
O economista Vivaldo Lopes também projeta uma continuidade de investimentos da indústria do etanol em 2023, assim como ela vem aumentando a produção ao longo dos anos. Segundo ele, a notícia mais esperada pelo setor é quem será o ministro da Agricultura. Por hora, há um mato-grossense sendo cotado para o posto, além de um ex-ministro do Mapa no primeiro governo Lula.
“Eu vejo que essa resistência forte que houve do setor agropecuário ao presidente eleito Lula vai exigir dele (novo ministro) uma atenção especial para justamente quebrar essa resistência que existe com relação ao governo. Essas querelas políticas, posicionamentos políticos, não devem interferir nas políticas de apoio e de expansão do agro”, afirma.
A indústria do etanol é responsável por gerar mais de 10 mil empregos diretos em Mato Grosso, além de 92 mil empregos indiretos e outros 65 mil de forma induzida, totalizando 168 mil empregados no setor e áreas adjacentes, como o comércio de insumos agrícolas, maquinários e fertilizantes. Também é importante fonte de receita para o Estado, que arrecadou R$ 833 milhões em ICMS em 2021.