O ano do "tudo caro". Gasolina, luz, gás, comida, parece que nada escapou da inflação generalizada que abalou os orçamentos das famílias brasileiras em 2021. O ano parece passar por uma ressaca prolongada da pandemia. Frustrou expectativas criadas sobre a vacinação e de uma retomada consistente. Em Mato Grosso, os reflexos da pandemia escancararam a desigualdade no estado.
As imagens da ‘fila dos ossinhos’ rodaram o mundo e provou que a forme e a miséria crescem, sem controle, na ‘capital do agro’.
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A recessão de 2021 foi sentida, em intensidades diferentes, por todas as classes. Quem não madrugava na fila dos ossos para garantir o mínimo de proteína na refeição da família, queixou-se da indústria automobilística, pela falta de veículos novos no mercado. A escassez dos semicondutores, usados na produção de módulos eletrônicos dos veículos, foi a principal trave do setor. “A paralisação das fábricas em 2020 reduziu a produção em todos os segmentos da cadeia”, justificam representantes do setor.
Nos campos, os agricultores e pecuaristas, reclamaram da carestia dos insumos para a produção da soja e do milho. “É que os fertilizantes e defensivos são comprados em dólar, que está acima dos cinco reais”.
A crise hídrica deste ano também não poupou ninguém, a ponto de o governo federal ter de criar uma tarifa energética, a bandeira da escassez hídrica que adicionou taxa extra de R$ 14,2 a cada 100 kwh consumidos. Estima-se que os reflexos dessa inflação na conta de energia persistam em 2022, com um impacto médio de 21% sobre as tarifas.
Desigualdade
A terra do agronegócio mostrou que sua aparente nobreza é apenas uma máscara. A imagem da fila do ossinho registrada em um bairro da periferia da capital de Mato Grosso, Cuiabá, rodou o país e virou símbolo da miséria nesta pandemia.
Novas oportunidades
Apesar do motivo – alta dos combustíveis – e atropelos, a expansão do Gás Natural Veicular (GNV) aconteceu em 2021. A corrida por kit gás em Cuiabá gerou filas de esperas para instalação e paciência dos novos usuários para conseguir abastecer. O problema, parte pela falta de planejamento, foi a falta de estrutura dos postos para atender a demanda.
Ferrovia
Um fato que marcou o ano foi a confirmação do projeto de expansão da Ferronorte. Depois de quase 35 anos de promessas, os trâmites para as obras que devem trazer os trilhos para Cuiabá começaram em 2021. A abertura dos trabalhos só foi possível após a criação de emenda à Constituição Estadual, que regulamentaram o uso do modelo de autorização para construção de ferrovias.
Mato Grosso foi o primeiro Estado a implantar o sistema e autorizar a construção de ferrovia. Depois de preparar o terreno jurídico, o governo estadual publicou edital de chamamento da, agora, 1ª linha férrea estadual. A empresa Rumo levou a autorização e deverá investir aproximadamente R$ 11 bilhões. Os trabalhos iniciam em 2022 e interligará Rondonópolis a Cuiabá e Lucas do Rio Verde.
Depois de Mato Grosso, o governo federal conseguiu aprovar o Marco legal das ferrovias no Congresso Nacional. A maior novidade da norma é justamente o modelo de autorização para construção de ferrovias.
A ratificação do modelo criou ambiente jurídico seguro e novas empresas revelaram interesse na construção de ferrovias. Só em Mato Grosso, cinco deu publicidade ao desejo. As condições favoráveis podem destravar projetos como a Ferrovia de Integração do Centro Oeste (Fico) em 2022.
Veja o que estourou em 2021
Os brasileiros também foram surpreendidos pela explosão de preços das mercadorias. Com a quebra da cadeia de fornecimento, os custos das empresas aumentaram, o que combinado com o ímpeto de consumo, casou a elevação nos preços dos alimentos, materiais de construção, dentre outros.
Para tentar conter a inflação, que chegou em quase 30% para alguns alimentos, o Banco Central promoveu uma política monetária agressiva, aumentando a taxa básica de juros, a Selic, que saiu de 2% em janeiro para 9,25% em dezembro. Apesar de ser o maior aumento da Selic nos últimos anos, os reflexos dessa medida devem ser sentidos somente após 6 meses.
Outros itens que assustaram os brasileiros são os combustíveis. Desde a energia, que sofreu aumento com a bandeira de escassez hídrica, ao gás de cozinha, que saltou para cerca de R$ 140 o botijão de 13 kg, encarecendo ainda mais o orçamento das famílias, principalmente daquelas mais carentes.
Mas o aumento mais significativo foi o da gasolina e do etanol, que tiveram reajustes médios de 50% ao longo do ano. Cada ida aos postos de combustíveis foi uma surpresa para os motoristas, que iniciou o ano pagando cerca de R$ 5 no litro e terminou em quase R$ 7, em Cuiabá, em cidades do interior o litro da gasolina chegou a ultrapassar esse valor.