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Economia Terça-feira, 10 de Novembro de 2020, 07:30 - A | A

Terça-feira, 10 de Novembro de 2020, 07h:30 - A | A

PREÇO EM DISPARADA

Churrasco de Natal será ‘salgado’

Preço da arroba do boi sobe 45% em cinco meses e tendência é que continue a valorizar até o final do ano, com aumento da demanda interna

Priscilla Silva

O preço da arroba do boi à vista em Mato Grosso pode chegar a R$ 300 até o final do ano. A previsão de novas elevações de preços foi feita pela Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) e se justifica pelo aumento dos custos de produção, além do aquecimento do consumo interno com as festas de fim de ano.

O movimento de alta começou em 23 de junho, quando a arroba era comercializada a R$ 180,41. De lá para cá, o valor chegou a R$ 262,76 nesta segunda-feira (9), uma valorização de 45,6% em apenas cinco meses.

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“É perfeitamente possível que a arroba chegue a R$ 300 neste ano. Porém, é importante ressaltar que o produtor não é o formador de preços”, cita Francisco Manzi, médico veterinário e diretor técnico da Acrimat.

PREÇOS AO CONSUMIDOR - A média de preços de cortes no atacado estava próxima de R$ 16 por kg até final de outubro, mas a tendência de aumento permanece e o preço pode chegar a R$ 18 por kg ainda este ano. Dados da última quinta-feira (5) já indicavam que os cortes no atacado custavam R$ 17,4 o kg, em média.

Já no varejo, a média dos cortes ficou em R$ 32,06 em outubro. O valor é 25,28% maior que o de outubro de 2019, e é o maior dos últimos 12 meses. Dentre os cortes mais baratos no varejo está a costela. Em outubro de 2019, ela era vendida a R$ 13,28 por kg. Hoje, é encontrada por R$ 20,35 o kg.

Ao contrário dos cortes mais populares, as partes consideradas mais nobres encareceram menos. A picanha, por exemplo, custava R$ 51,86 por kg em outubro de 2019, e hoje é comprada por R$ 54,56. O filé mignon saiu de R$ 44,07 para R$ 46,71, no mesmo período.

“O preço vai ficar mais caro para o varejo. Até próximo do Natal, sempre tem uma maior procura interna, lembrando que mais da metade (70%) do mercado consumidor é o interno e as exportações não chegam nem a 30% ainda. Com o período de festas, pagamento do 13º salário e, agora, com a liberação para festas, muitos compram carne para confraternizar, um costume característico do período”, aponta Francisco.

Alta da arroba não se traduz em lucro
Apesar da elevação do preço pago pela arroba, o custo para criação de bovinos também subiu consideravelmente neste ano, influenciado pela alta do dólar, o que reduziu as margens de lucro dos produtores.

“Está caro produzir e o preço não é margem. Um produtor que compra um bezerro, hoje, está pagando mais caro. Ainda há os produtos agrícolas do confinamento e semiconfinamento, como o farelo de soja e o milho, que subiram bastante. Isso tudo reflete nas margens de lucro, que ficaram apertadas para o produtor”, explica Francisco Manzi, diretor técnico da Acrimat.

Apesar da notícia de uma carne mais salgada neste fim de ano, o setor produtivo fala em redução de preços. “Nada sobe para sempre. Mas isso [valorização da arroba] funciona como um estímulo para o produtor produzir mais. Então, não corremos risco de desabastecimento do produto, pois com o valor maior da arroba os produtores estão investindo mais em genética e tecnologia que garante o abastecimento”, ressalta.

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