O governo federal está contratando uma crise fiscal para o ano de 2023 com as medidas para reduzir preços dos combustíveis, ao mesmo tempo que reduz sua arrecadação e aumenta suas despesas. Essa é a avaliação do economista Vivaldo Lopes. Recentemente, o governo isentou os combustíveis do Pis/Cofins até o final de 2022 e estabeleceu um teto do ICMS sobre os combustíveis em 17%.
Apesar de ter promovido uma redução nos preços dos combustíveis, as medidas colocam em risco a saúde fiscal de municípios, estados e do próprio governo federal, o que passa uma imagem ruim aos investidores, levando à fuga de capital e aumento do dólar e inflação. Exemplo disso é que os preços dos combustíveis baixaram, ao contrário dos alimentos, que seguem altos.
- FIQUE ATUALIZADO: Entre em nosso grupo do WhatsApp e receba informações em tempo real (clique aqui)
- FIQUE ATUALIZADO: Participe do nosso grupo no Telegram e fique sempre informado (clique aqui)
“Estamos contratando uma crise fiscal, um aumento da inflação a partir de 2023. Todo o movimento de transferência de renda, benefícios fiscais e tributários vão até 31 de dezembro desse ano. Em janeiro volta tudo ao normal. Essa conta será paga no ano que vem. Estamos contratando a inflação mais alta, crescimento baixo e dólar alto”, afirma Vivaldo.
Com o dólar alto, há o encarecimento de vários alimentos que possuem seus preços atrelados à moeda americana. De petróleo, biscoitinhos ao pão francês, tudo deve ficar mais caro em 2023 caso o dólar siga em alta. Os investidores também devem procurar maior rentabilidade nos EUA, que também subiram sua taxa de juros, o que ajuda a fortalecer o dólar frente ao real.
“O dólar alto encarece quase toda a cadeia de alimentos no Brasil, a começar por biscoitos, bolachas e pães. Nosso trigo quase todo é importado e cotado em dólares. Ele também afeta os custos industriais, custos que serão passados para as mercadorias. Então, o câmbio alto é um impulso muito negativo para a inflação”, acrescenta.
Além de provocar uma crise fiscal, as medidas também ajudam a anular os esforços do Banco Central, que tem tentado controlar a inflação ao aumentar a Selic. O aumento da Selic aumenta o custo do crédito para as indústrias, empresas e pessoas físicas, o que reduz a atividade econômica. Na via oposta, o governo injeta dinheiro na economia por meio de auxílios, estimulando o consumo.
“O governo soltando bilhões e bilhões no mercado para estimular o consumo, para transferir renda para as pessoas consumirem mais, o que gera a inflação. Já o Banco Central se matando para segurar os preços, segurar o consumo e combater a inflação. São dois movimentos totalmente antagônicos”, resume Vivaldo Lopes.