Passar quase um ano e meio longe das salas de aula aumentou a ansiedade dos estudantes mato-grossenses para o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), que ocorrerá nos próximos domingos, dias 21 e 28 de novembro. Enfrentando dificuldades para se adaptar ao ensino remoto, eles buscaram ajuda externa para se preparar para as provas.
- FIQUE ATUALIZADO: Entre em nosso grupo do WhatsApp e receba informações em tempo real (clique aqui)
- FIQUE ATUALIZADO: Entre em nosso grupo do WhatsApp e receba informações em tempo real (clique aqui)
- FIQUE ATUALIZADO: Participe do nosso grupo no Telegram e fique sempre informado (clique aqui)
Estudante do 3º ano do ensino médio, Gabriel Pache, 18 anos, conta que teve que conciliar os estudos com o trabalho e a pandemia. Ele sonha em conquistar uma vaga no curso de Direito da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e teve dificuldades para se adaptar ao ensino remoto.
“Eu senti que o meu ensino médio foi bem fraco. Eu estava no 2º ano quando começou [o ensino à distância] e agora que estou retornando para o presencial. Sinto que ele [o ensino] falhou de alguma forma, porque a gente teve que se adaptar para algo que a gente não conhecia e os professores também não estavam bem adaptados”, relatou.
Gabriel avalia que o retorno do ensino presencial ocorreu de forma “forçada”, mas os alunos estão dando conta mesmo assim. Diante disso, ele conta que não dependeu somente da escola para estudar e compartilha um palpite para o tema da redação.
“Sobre a minha preparação, estou focando mais nas áreas de linguagens, que são o meu forte. Na área de exatas eu não tenho muita habilidade e vou usar o básico. Se o governo levar em conta o ensino falho que a gente teve nesses dois últimos anos, o tema da redação seria algo mais óbvio, por exemplo, a economia do país”, pontuou.
As amigas Cíntia Guimarães e Geovana Cavalcanti, ambas de 17 anos, apostaram em um cursinho online particular para reforçar os estudos. Elas acreditam que o tema da redação desse ano deve ser algo relacionado ao Meio Ambiente, devido aos incêndios no Pantanal e na Amazônia e as discussões da Cúpula da Clima, ocorrida no começo deste mês.
Cíntia avalia que o ensino remoto teve tanto efeitos positivos quanto negativos na preparação para o Enem. “O bom de ficar em casa é não ter aquela preocupação de estar na escola, porque você tem um tempo a mais para estudar. O lado ruim é que a gente sente falta dos professores tirando dúvidas”, disse.
- FIQUE ATUALIZADO: Participe do nosso grupo no Telegram e fique sempre informado (clique aqui)
Geovana concorda com a amiga quando o assunto é a ausência dos professores para tirar dúvidas. No entanto, ela avalia que o ensino à distância ofereceu a oportunidade de focar nas disciplinas que tinha mais dificuldade, que são ciências exatas e matemática.
“Foi um ano difícil para todo mundo. A pandemia afetou muito a gente e nos estudos não foi diferente. Ficar em casa, sem ter acesso aos professores para ajudar, foi muito difícil, mas para mim foi bom para focar nas matérias que eu tenho mais dificuldade”, contou.
ENSINO REMOTO - Professora de Matemática do Liceu Cuiabano, Solange Bernardes conta como foi preparar os alunos para fazer o Enem.
“Primeiro nós elencamos os conteúdos que caíram nos últimos exames, trabalhamos e mostramos as atividades, como ele terá que focar na leitura da pergunta. A questão do tempo que ele tem para fazer essas questões, para não ficar perdendo muito tempo somente em uma questão e deixar as outras”, contou.
Solange reconhece que tanto os educadores quanto os alunos enfrentaram desafios para lidar com o ensino remoto, principalmente pela falta de estrutura. “Muitos alunos não tiveram essa oportunidade de assistir às aulas online por falta de equipamentos, como internet, computador ou até mesmo porque perderam pessoas próximas e tiveram o emocional abalado”, disse.
Com o retorno das aulas presenciais em agosto, os desafios não acabaram, apenas mudaram de forma. “A gente está resgatando esses alunos que não tiveram a oportunidade de estudar de forma mais incisiva no ensino remoto, intensificando os exercícios para que eles façam uma boa prova, mais confiantes”, relatou.
BAIXA ADESÃO - Em Mato Grosso, segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), 57 dos 141 municípios realizaram as provas do Enem 2020 nos dias 17 e 24 de janeiro deste ano e 98.924 mil alunos se inscreveram.
No entanto, 57% dos estudantes não compareceram aos locais de prova no primeiro dia. O índice de abstenção no estado foi maior que a média nacional, que chegou a 51,1%. Já no segundo dia, esse índice foi ainda maior, chegando a 60,1% de abstenção, novamente acima da média nacional, que foi de 55% - a maior da história.
Solange acredita que fatores como o ensino à distância, a insegurança e o receio de contrair a covid no momento de fazer o exame contribuíram para essa baixa adesão. Na avaliação da educadora, a situação pode ser diferente nesta edição devido ao avanço da vacinação.
“O ensino à distância, a falta dos amigos e professores contribuíram muito para esse baixo comparecimento dos estudantes. Além do medo da pandemia, de se sentir inseguro, isso colaborou também, mas esse ano acredito que a adesão seja maior”, finalizou.