Com o desafio de inovar e apresentar estas inovações na educação pública a Especialização em Mídias Digitais para a Educação da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) contou com mais de uma centena de trabalhos. São ações desenvolvidas em cinco pólos espalhados pelo estado, nas cidades de Canarana, Cuiabá, Diamantino, Sapezal e Vila Rica. Um dos trabalhos é “Mídias Digitais no Processo de Aprendizagem das Crianças com Transtorno de Espectro Autista em Sapezal-MT”, já com frutos na educação local.
Adair José Pereira, egresso da Especialização em Mídias Digitais para a Educação, conta que a sua pesquisa surgiu da necessidade de incluir os alunos para um trabalho de ensino baseado em equidade. “A pesquisa parte de um olhar educacional que busca integrar todas as crianças que possuem o Transtorno de Espectro Autista em uma proposta de aprendizagem que respeite suas especificidades”, explica o especialista. O trabalho apropriou-se de ferramentas que facilitassem o processo de inclusão dos alunos no processo de aprendizagem.
- FIQUE ATUALIZADO: Entre em nosso grupo do WhatsApp e receba informações em tempo real (clique aqui)
- FIQUE ATUALIZADO: Participe do nosso grupo no Telegram e fique sempre informado (clique aqui)
“Utilizamos Metodologias Ativas e as mídias digitais como ferramentas educacionais, visando incluir todos os alunos no processo, promovendo assim, a equidade de ensino para todos em nossa escola”, conta o professor. O Transtorno de Espectro Autista (TEA) consiste em uma síndrome que afeta o desenvolvimento cognitivo afetando a comunicação e a sociabilidade. No estudo, Adair José Pereira adotou a observação participante para propor alternativas de ensino com o uso de mídias digitais para estimular a aprendizagem das crianças.
O trabalho aconteceu no ano de 2021 em Sapezal (MT), com alunos da Escola Municipal Eneli Firmo Bandeira Scapinello. Entre os 950 alunos matriculados, distribuídos em 34 salas e subdivididos em turmas de 5°, 6° 7° Anos, oito crianças apresentavam laudos médicos com Transtorno de Espectro Autista. “A pesquisa partiu de uma inquietação ao observar que as atividades que estavam sendo proposta para estas crianças autistas, não estavam gerando resultados em seu processo educacional. Utilizando-me da Metodologia de Observação Participante, onde favorece ao pesquisador, uma melhor interação e contato com o público pesquisado, passei a fazer anotações do rendimento escolar destes alunos em um caderno de bordo durante trinta dias”, conta o pesquisador.
Adair José Pereira conta que ao analisar as anotações verificou que as metodologias desenvolvidas pelos educadores não instigavam as crianças e nem às motivavam porque o apelo a livros didáticos e impressões de algumas atividades não tinha resultados."Neste sentido, realizamos uma reunião pedagógica com os educadores onde foi apresentado o resultado da observação e, na oportunidade, apresentadas possíveis intervenções pedagógicas com o uso das Mídias Digitais, utilizando de jogos interativos como proposta de ensino”, relata
A partir disso, os educadores começaram a desenvolver pesquisas em sites educacionais que poderiam contemplar nesta nova proposta pedagógica. “Ao encontrar os sites que contemplariam estas intervenções, os educadores começaram a trazer em seus planejamentos de aula, Metodologias Ativas que envolvesse o uso das ferramentas digitais com o uso dos jogos interativos como atividades”, explica o professor.
Novas práticas pedagógicas entraram no olhar dos professores
Adair explica que o trabalho permitiu fazer descobertas. “A maior descoberta realizada nesta pesquisa foi demonstrar para os educadores que é possível e se faz necessário repensar, reformular, reavaliar e buscar novas práticas pedagógicas que possam integrar todos os alunos no processo de aprendizagem, buscando respeitar as potencialidades de cada aluno”, comenta. A inclusão esteve aberta também para os alunos autistas.
“Os alunos autistas passaram a se sentir incluídos e capazes de desenvolver atividades juntamente com os colegas dentro de sala de aula, pois as atividades eram aplicadas com a utilização dos Chromebooks do laboratório de informática com todos em sala de aula”, disse o especialista.
Para o professor, a pesquisa já tem reflexos em seu trabalho na escola em Sapezal. “A pesquisa vem me proporcionando uma grande oportunidade de poder instigar todos os educadores da escola que trabalho a ter mais empatia ao receber uma criança em sala de aula”, ressalta. Adair José Pereira faz planos a partir da especialização. “Para a minha progressão de trabalho, estarei dando continuidade na pesquisa através de leituras bibliográficas e vivência com as crianças que permanecem aqui na Unidade Escolar, pois pretendo fazer um mestrado na área de Educação Inclusiva, e assim, contribuir para a formação de professores e qualidade de vida dos alunos especiais”, finaliza.