O delegado Bruno França Ferreira pediu afastamento do cargo por 30 dias, sem direito a remuneração, para que sejam apuradas as circunstâncias em que ele invadiu a casa de uma empresária em Cuiabá, fez ameaças e a conduziu à delegacia. Em nota divulgada nesta quinta (1), o delegado se justificou, afirmando que a mulher estaria ameaçando e injuriando seu enteado de 13 anos.
O caso provocou comoção pública, pois a abordagem violenta aconteceu em frente à filha da empresária, uma criança de 4 anos. Diante da repercussão, a Ordem dos Advogados do Brasil - seccional Mato Grosso (OAB-MT) pediu o afastamento de Bruno do cargo.
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“Logo, desde já, antecipo que solicitei à Corregedoria de Polícia Civil meu afastamento não remunerado pelo prazo de 30 dias, renováveis por mais 30 se entenderem necessário ou até o final das apurações. Peço desculpas também aos membros da sociedade que, direta ou indiretamente, se sentiram ofendidos pelo ocorrido tendo em vista as imagens divulgadas fora do contexto dos fatos. Fatos estes que serão obviamente esclarecidos”, afirmou.
Ainda de acordo com o delegado, a mulher não pode se aproximar do adolescente, pois ele tem medida protetiva contra ela. Apesar disso, narra Bruno, ela se deslocou até uma quadra onde o adolescente estava e teria iniciado ataques, que seriam recorrentes e injustificáveis. O adolescente então se abrigou na casa de um amigo e pediu socorro para o padrasto.
Por entender que se tratava de uma situação de flagrante, o delegado chamou alguns colegas e foram até a casa dela. Ele afirma que só arrombou a porta porque a mulher não abriu ao ser chamada. O delegado ainda afirma que a responsabilidade da ação é exclusivamente sua e que seus colegas apenas demonstraram “parceria e lealdade para atender ao chamado de um policial”.
No entanto, o delegado admite que se excedeu em suas palavras. Vídeo registrado na ocasião mostra que Bruno ameaçou "explodir a cabeça" da empresária se ela chegasse perto do adolescente mais uma vez.
“Me excedi na verbalização dirigida à conduzida no momento da abordagem. Isso foi um erro pelo qual peço, a todos, as mais sinceras desculpas. Tal excesso, em que pese ser injustificável, é alicerçado por certa compreensividade, considerando que me encontrava em situação em que meu enteado estava sendo vitimado e, minutos antes, havia se dirigido a mim em estado de terror”, disse.
Bruno também pediu desculpas à filha da empresária, que presenciou toda a ação e que ficou aterrorizada. Apesar disso, Bruno França disse que não se arrependeu de ‘enfrentar a agressora’ e diz que outras crianças também foram vítimas da empresária.
"Por fim, em resposta àqueles que questionam se me arrependo do ocorrido, informo que estou profundamente arrependido por ter me extrapolado na verbalização realizada dentro do domicílio da conduzida", disse.
“Quanto à decisão de enfrentar a agressora e realizar sua captura, tal conduta não possui qualquer ilicitude e não goza de arrependimento de minha parte. Desde a noite de 28/11/2022 venho sendo atacado na imprensa de forma injusta e não verdadeira pela conduzida. Todavia, desde a noite de 28/11/2022 meu enteado está, finalmente, protegido e seguro”, completou.
