A secretária municipal de Assistência Social, Direitos Humanos e Inclusão, Hélida Vilela, visitou a comunidade indígena Warao, instalada em uma chácara no bairro Nova Esperança, zona rural de Cuiabá e no Albergue Manoel Miraglia. As ações marcam a nova etapa nas políticas públicas voltadas aos migrantes indígenas da Venezuela, que vivem em situação de vulnerabilidade. Ao todo, 20 famílias cerca de 70 pessoas, entre elas 35 crianças foram atendidas durante a visita técnica na zona rural e outras 50 no bairro Borda da Chapada.
Foi identificado pela equipe as necessidades dos moradores, como melhorias no acesso a alimentos, atendimento de saúde, inclusão escolar e emissão de documentos. A comunidade está instalada em uma propriedade doada em novembro de 2024 pelo padre jesuíta Aloir Pacini, professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
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Desde então, o espaço tem servido como abrigo e também como território de resistência cultural. A ação identificou 69 famílias Warao vivendo na capital. Destas, 68 estão inseridas no Cadastro Único e 63 recebem o Bolsa Família. Outros dados apontam que 54 crianças frequentam escolas, mas ainda há desafios quanto à frequência e evasão.
A secretária de Assistência Social, Direitos Humanos e Inclusão, Hélida Vilela, destacou o compromisso da gestão municipal em oferecer apoio às famílias Warao de forma sensível e responsável. “A Prefeitura de Cuiabá está empenhada em buscar alternativas de geração de renda e garantir a assistência social necessária a essas famílias, sempre respeitando suas tradições, sua cultura e suas formas próprias de organização. Estamos acolhendo o povo Warao com responsabilidade, cuidado e a escuta ativa que essa população merece”, afirmou.
No bairro Nova Esperança, os indígenas cultivam bananeiras, mandioca, criam galinhas e pescam em um rio próximo — práticas que fazem parte da identidade alimentar e espiritual dos Warao, conhecidos como “povo da canoa”. A vida em harmonia com a natureza resgata parte do que perderam durante a fuga forçada de seu território na Venezuela, onde enfrentavam fome, violência e a invasão de suas terras.
Já no albergue a situação está mais complexa e exigirá do poder público ações mais abrangentes. Entre elas a secretária Hélida já está articulando uma parceria junto ao Governo Estadual, por meio da Secretaria de Assistência Social (Setasc) que deverá auxiliar no acolhimento, manutenção e auxílio às famílias. "O caso dos waraos que estão no albergue nos traz mais preocupação.
Aqui há pessoas que estão nas ruas pedindo esmolas e levando crianças e isso precisa acabar. Essas crianças precisam de acolhimento, educação formal e estamos elaborando programas de contra-turno escolar para que elas não fiquem expostas aos perigos nas ruas", comentou Hélida.
A secretária estuda parcerias com a Secretaria Estadual de Meio Ambiente para encotrar pescado apreendido - principal proteína consumida pelos indígenas e de madeira para construção de suas casas. "Além desse esforço com o Estado, temos a equipe jurídica tentando encontrar soluções junto ao Ministério Público e Poder Judiciário na esfera jurídica", comentou a secretária que lembrou de audiências com os dois poderes.
Os Warao chegaram a Cuiabá em 2020. Desde então, enfrentaram sucessivas mudanças de moradia e obstáculos como a barreira linguística, a falta de documentos e a exclusão do mercado formal. Inicialmente, ocuparam a área próxima à rodoviária, depois passaram por imóveis alugados no Tijucal e mais tarde por abrigos improvisados.
A Prefeitura afirma estar comprometida em ampliar o acolhimento aos Warao, respeitando sua cultura e assegurando direitos básicos. A nova gestão também pretende articular com organizações da sociedade civil e iniciativas privadas para garantir autonomia e dignidade às famílias indígenas em solo cuiabano.