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Brasil Terça-feira, 28 de Setembro de 2021, 12:52 - A | A

Terça-feira, 28 de Setembro de 2021, 12h:52 - A | A

TRISTEZA SEM FIM

'Vamos fingir que a gente tá morta', disse mãe a filha baleada

Criminosos mataram adolescente e pedreiro. Mãe e irmã de jovem também foram alvejadas e seguem internadas. Caso ocorreu em Itanhaém (SP).

G1

A irmã da mulher que foi baleada junto com as filhas adolescentes, durante um latrocínio em Itanhaém, no litoral de São Paulo, conversou com o g1. A irmã dela contou à ela que os assaltantes fizeram ameaças e diziam que a família iria morrer. A adolescente de 17 anos, sobrinha dela, e o pedreiro Geosaldo Cesário Monteiro, de 44 anos, que realizava serviços no imóvel, morreram após o crime. Os dois foram baleados na cabeça durante o assalto.

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A mãe da adolescente, de 41 anos, e a irmã mais nova dela, de 12, também foram alvejadas na cabeça pelos criminosos, mas sobreviveram e seguem internadas na manhã desta terça-feira (27).

O latrocínio ocorreu, por volta das 19h da última sexta-feira (24), no bairro Suarão. Além de roubar o carro da família, os suspeitos também levaram diversos pertences da residência e atiraram nas quatro pessoas que estavam na casa. Imagens de câmera de monitoramento flagraram a dupla de assaltantes andando em direção à residência para efetuar o crime.

Em entrevista à TV Tribuna, a tia das adolescentes, que prefere não ser identificada, conta que conversou com a irmã dela, que está internada. A mulher relatou à ela que a filha mais nova, de 12 anos, estava lavando o carro do lado de fora de casa quando foi abordada pelos dois criminosos.

"Minha irmã contou que, nesse momento, minha sobrinha mais velha ouviu um barulho e foi em direção a minha sobrinha mais nova", afirma.

Em seguida, segundo relato da irmã à mulher, os criminosos já entraram com as menores na sala. da residência. A dona da casa estaca sentada assistindo TV quando a dupla anunciou o assalto e pediu para a família não reagir.

"Nisso, ela pediu que ele tivesse calma e ele perguntou quem estava na casa, e disse que se ela não falasse todos iriam morrer. Minha irmã explicou que só estavam elas e o pedreiro, que tomava banho naquele momento", diz.

A dupla foi até o banheiro, abriu a porta e ameaçou o pedreiro de morte. "Segundo minha irmã, eles tiraram o homem pelado do banheiro, levaram todo mundo para sala e pediram o celular de todos, para fazer PIX. Ele perguntou o que tinha no quarto da minha irmã e levou as três para lá, colocando elas no banheiro e o pedreiro no quarto"

Ela conta que os criminosos amarraram o pedreiro com uma extensão e o colocaram dentro do banheiro. "Ela [irmã dela] dizia o tempo todo para eles levarem tudo e em nenhum momento reagiu, assim como o Seu José, como chamamos o pedreiro, também não abriu a boca", afirma a tia das adolescentes.

Um dos criminosos ficou vigiando as vítimas, enquanto o outro pegou alguns itens da casa e colocou no portão. O assaltante pegou a arma do comparsa, que estava vigiando a família e atirou em direção a dona da casa. Segundo a irmã dela, foram dois tiros, sendo que um pegou no pulso e outro no dedinho e rosto. Em seguida, ele atirou na cabeça das adolescentes e, depois, no pedreiro.

"Depois dos tiros, minha irmã ouviu a filha mais nova chorar, porque a mais velha já não falava nada, Então, minha irmã disse: 'filha vamos fingir que a gente tá morta para eles irem embora'. Minha sobrinha ficou quieta, mas ele já tinha escutado uma voz e voltou dizendo: 'você ainda está viva', pegou a arma e mirou na testa dela, apertou de novo, mas não tinha mais bala. Nessa hora, minha irmã conseguiu empurrar ele e fechar a porta do banheiro, gritando por socorro."

Nesse momento, a mãe viu que Isabelle Amaral Costa, de 17 anos, já estava desfalecida. "Minha irmã falava 'filha, volta para mim'. Ela pulou a janela do quarto para pedir ajuda, nem esperou eles saírem, porque sabia que todos morreriam se não pedisse, foi aí que ela pediu ajuda aos vizinhos.

A adolescente mais nova também pulou a janela, para pedir ajuda, desmaiou. Os moradores do bairro ajudaram a família. Logo em seguida, os policiais militares chegaram e resgataram as vítimas. O pedreiro e a sobrinha mais velha dela morreram no hospital. Já a adolescente mais nova segue lutando pela vida. A irmã dela não corre risco de morte.

"O cara [que atirou] é um louco, psicopata, não pode sair impune, ele estava de saidinha e temos que implorar para a Justiça para isso não acontecer. Se eles estivessem presos, minha família estava em paz e feliz. Só pedimos justiça e que nossas leis mudem, que eles nunca saíam da cadeia. Porque ninguém reagiu em nenhum momento e mesmo assim o atirador foi frio. Estamos vivendo um pesadelo", diz.

Crime gerou revolta

A casa da família amanheceu pichada neste domingo (26). As pichações feitas no imóvel em que estavam as vítimas tinham dizeres desejando força à família, pedindo justiça e paz.

"A justiça divina não falhará", diz uma das escritas no portão da casa. Já na porta da residência, outra pichação diz "força família", onde também foram deixadas flores com um laço e uma carta.

Prisão

Na noite do latrocínio, a Polícia Militar prendeu duas mulheres, de 20 e 26 anos, dois homens, de 22 e 27, e apreendeu um adolescente, de 16, suspeitos de estarem envolvidos no crime.

A PM localizou dois destes suspeitos em uma pousada, no bairro Ivoty. No quarto, além do adolescente, foi encontrado o homem, de 22, que confessou ser o autor dos disparos.

Segundo a Polícia Civil, a arma usada no crime - um revólver calibre 38 - foi apreendido com eles, bem como a chave de um carro que haviam subtraído anteriormente. A dupla também informou a localização do automóvel das vítimas, onde estava o restante do grupo, que confessou que auxiliou na fuga. Foi verificado ainda que o autor dos disparos era procurado pela Justiça de Campinas.

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP), o caso foi registrado como latrocínio, ato infracional pelo mesmo crime, tentativa de roubo, captura de procurado, apreensão de adolescente e corrupção de menor no plantão permanente da cidade e encaminhado ao 3º DP.

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