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Brasil Segunda-feira, 28 de Novembro de 2022, 09:30 - A | A

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XOTE DO CURIOSO

Russo acusado de espionagem fez aula de forró no Brasil

g1 | Fantástico

Acusado de ser espião russo, Sergey Vladimirovich Cherkasov foi preso na Holanda e devolvido ao Brasil. Ele se apresentava como Victor Muller Ferreira e está preso na carceragem da Polícia Federal em São Paulo. O Fantástico reconstruiu os passos dele no Brasil.

São três endereços na Grande São Paulo com registros no nome brasileiro dele, Victor. Dois apartamentos no município de Cotia, e um no bairro do Butantã, Zona Oeste.

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“Ele foi para Holanda, da Holanda foi para os Estados Unidos. Aí ele voltou aqui, veio falar comigo, a gente tem amizade”, conta o zelador de um dos endereços.

Álvaro: Agora, nunca te falou nada de Rússia?

Zelador: Nunca, nunca.

No Brasil, ele fez aulas de forró e sertanejo universitário.

“Eu fiquei chocado, né. Um cara superbacana, um cara comunicativo, um cara que saía com a gente pra dançar e depois a gente descobrir que o cara é um espião russo”, diz o professor Pheliphe Britto.

O professor conta que Sergey namorou com uma aluna brasileira por cerca de nove meses.

Ao ser preso tentando entrar na Holanda, o ex-aluno de forró Sergey estava indo trabalhar no país, no Tribunal Internacional de Haia.

Com boa formação, de 2015 a 2018, ele cursou ciência política no Trinity College, na Irlanda. Lá, dizia que era o brasileiro Victor Ferreira.

Depois, foi fazer mestrado nos Estados Unidos, onde continuou se apresentando como brasileiro. Estudou relações internacionais na prestigiosa universidade John Hopkins, perto de Washington. Um dos chefes do departamento, por coincidência, é do Brasil, mas Sergey nunca procurou esse professor.

“Não me parece tão estranho. Acho que estaria talvez procurando não se engajar muito com brasileiros para talvez não comprometer lá a história dele”, destaca Filipe Campante, professor de economia internacional.

No material apreendido com Sergey, a polícia brasileira descobriu uma carta, dele para ele mesmo, contendo uma biografia fictícia do personagem Victor.

Nas primeiras semanas de prisão no Brasil, Sergey Cherkasov negou que fosse russo. Insistia que era Victor Ferreira, filho de um português com uma brasileira, e criado por uma tia na Argentina. Depois de dois meses de cadeia em São Paulo, e de receber a visita de um diplomata russo, finalmente o suposto Victor confessou que se chamava Sergey Cherkasov. Só continuava negando que fosse espião, mas não era isso que as investigações mostravam.

Nesta segunda (28) vai ser julgado amanhã um pedido de prisão domiciliar. O domicílio seria o próprio consulado russo em São Paulo, que ofereceu as instalações. O Fantástico perguntou à representação russa se é normal abrigar alguém que eles dizem ser um traficante condenado. Não houve resposta.

A Polícia Federal nada informou a respeito da investigação sobre a espionagem de Serguei no Brasil. E não explicou por que, em julho passado, a PF pediu a destruição das provas, alegando que pertenciam a uma pessoa inexistente, no caso, o fictício Victor Ferreira. O juiz negou, entendendo que a destruição atrapalharia a investigação da própria Polícia Federal.

O Ministério Público Federal disse que, "como o caso tramita sob sigilo legal, não é possível fornecer informações adicionais”. E o Ministério das Relações Exteriores não respondeu a nossas perguntas sobre o processo de extradição de Serguei Cherkasov.

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