A importância das atividades desenvolvidas pelas organizações voltadas à verificação da procedência e da veracidade de informações na internet foi o ponto central do quinto painel do seminário “Combate à Desinformação e Defesa da Democracia”. O evento é realizado na Sala de Sessões da Primeira Turma do STF, com transmissão por meio do canal do STF no YouTube.
Para o ministro Cristiano Zanin, que presidiu o painel, o jornalismo representa papel fundamental na defesa da democracia e das liberdades individuais, pois auxilia a sociedade na tomada de decisões sobre vida política e social do país. “Todos lutamos por uma imprensa livre, que traga sempre a verdade no relato dos fatos, que sempre apresente críticas sobre os assuntos do mundo, mas que não seja utilizada como ferramenta de propagação de mentiras, as chamadas fake news.”
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Ainda segundo o ministro, a forma de produzir notícia se transformou, e a imprensa tradicional precisou se adaptar à velocidade de veiculação da informação nas redes sociais. Quanto a isso, fez uma ponderação em relação à liberdade de expressão. “É preciso ressaltar que a liberdade de expressão não é um direito absoluto. Nesse contexto, está a importância da atuação das agências de checagem. Diante do cenário estarrecedor da desinformação, é indispensável o trabalho que vem sendo feito por esse setor, que tem sido relevante, inclusive, na área judicial.”
Combate à desinformação
Participante do painel, a coordenadora de imprensa do STF, Ana Gabriela Guerreiro, disse que o Programa de Combate à Desinformação do STF foi idealizado com o propósito de discutir e trazer para dentro da Corte um debate necessário para diversos setores da sociedade. “Hoje, o Tribunal conta com 78 parceiros, entre 28 universidades e 50 instituições da sociedade civil. É uma honra receber parte deles aqui para debater um tema tão caro para o país e que atinge a todos nós. O trabalho das agências de checagem é muito importante para combater a desinformação que tantos danos causam ao país e ao mundo, afetando a nossa democracia.”
Modelo de negócio
O coordenador de Relações Institucionais da Rede Nacional de Combate à Desinformação (RNDC), Marcos Urupá, ressaltou a necessidade de criação de mecanismos e estratégias que evitem a monetização e propagação da desinformação na internet. “A desinformação, hoje, é um grande negócio. Esses conteúdos geram mais audiência, engajamento e atenção do público, fazendo com que sejam monetizados por meio de publicidade e alcancem um número ainda maior de pessoas. Então, aqui, entra em debate a responsabilização das plataformas que lucram com a venda de publicidade, que são embutidas em tais conteúdos.”
Sistemática
A representante da Agência Lupa, Natália Leal, explicou como as agências de checagem atuam para identificar as fake news. De acordo com a palestrante, esse trabalho não é uma mera questão de opinião, demandando métodos específicos e condutas éticas. “As informações são selecionadas pelas agências de checagem para serem confrontadas com dados acessíveis e públicos, com base nos princípios da transparência, e antipartidarismo. As agências de checagem monitoram constantemente os conteúdos publicados nas redes sociais e aplicativos de mensagens e, ao verificar a veracidade da informação, a conclusão é divulgada em canais próprios. Se for o caso, é feito a comunicação à plataforma, seja por meio de perfis e/ou aplicações exclusivas, para que procedam a exclusão do conteúdo.”
Papel do jornalismo
Já a professora da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), Juliana Marques, apresentou o tema “Entre saberes e a formação jornalística cidadã: o papel das universidades no combate à desinformação”. Para ela, é necessário que as universidades promovam uma formação jornalística-cidadã. “Nós já ensinamos como fazer uma pauta, escrever um bom lead, como usar técnicas de entrevista etc. Toda essa formação é imprescindível, mas a gente precisa trabalhar com o jornalista essa questão da formação cidadã, a fim de que eles possam enxergar o importante papel que exercem em nossa sociedade.”
Ferramentas tecnológicas
Finalizando as apresentações do quinto painel, a jornalista Tai Nalon, que atua na organização de checagem Aos Fatos, falou como a tecnologia e a inteligência artificial podem ajudar a coibir a propagação das notícias falsas na internet. Ela explica que a agência Aos Fatos desenvolveu um algoritmo que usa inteligência artificial para mapear determinadas informações nas redes sociais, possibilitando detectar tendências sobre padrões linguísticos associados à desinformação. “Isso ajuda a medir a quantidade de engajamento de determinadas publicações, mas também permite cruzar determinados tópicos que estejam viralizando em plataformas diferentes. Isso nos ajuda a entender se aquilo se trata de uma campanha de desinformação coordenada e se são os mesmos atores que a estão promovendo.”