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Brasil Terça-feira, 12 de Outubro de 2021, 19:02 - A | A

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PERDEU O FÔLEGO

FMI derruba previsão de crescimento do Brasil mais uma vez

Fundo demonstra preocupação com a perda de vigor da recuperação econômica e pede cooperação de países ricos

G1

O Fundo Monetário Internacional (FMI) fez uma tímida revisão para baixo de sua projeção de crescimento econômico global em seu novo relatório "World Economic Outlook", divulgado nesta terça-feira (12).

A expectativa é de um avanço de 5,9% no PIB global contra 6% esperados em julho passado. Para 2022 não houve alteração e o fundo continua esperando uma alta de 4,9% no ano.

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O Brasil também sofreu leves reduções. Para 2021, o FMI prevê um crescimento de 5,2% no PIB brasileiro. Em 2022, a alta projetada é de 1,5%.

Em relação ao relatório de julho, o PIB do Brasil previsto para este ano foi diminuído em 0,1 ponto percentual. Ao resultado do ano que vem foi aplicada uma redução de 0,4 ponto percentual.

O Brasil contraria o reajuste feito na região a que pertence, da América Latina e Caribe. O grupo de países teve um ajuste para cima de 0,5 ponto percentual, chegando a crescimento projetado de 6,3% em 2021.

A alta neste ano provocou redução de 0,2 ponto percentual para 2022, totalizando crescimento de 3% no ano que vem para os latinos. A região, contudo, sofreu mais do que o Brasil durante a pandemia, com queda de 7% em 2020 contra 4,1%.

Nesta edição, a maior redução foi para o grupo Indonésia, Malásia, Filipinas, Tailândia e Vietnã. Houve redução de 1,4 ponto percentual para 2021, com crescimento esperado de apenas 2,9%.

Das grandes economias, chama atenção a revisão dos Estados Unidos, que teve o crescimento diminuído em 1 ponto percentual, para alta de 6% em 2021.

Inflação no Brasil
Como a inflação global teve atenção especial no relatório, o fundo fez uma série de revisões e avaliou a política monetária dos países analisados.

No caso do Brasil, houve um salto das projeções inflacionárias. O FMI espera uma alta de 7,9% no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2021 e de 4% em 2022. Em abril, o previsto era de 4,5% neste ano e 3,5% no próximo.

A expectativa do fundo ainda é menor do que o esperado pelos agentes de mercado que respondem semanalmente ao boletim Focus, do Banco Central. Nesta segunda-feira (11), o mercado financeiro voltou a elevar as estimativas para a inflação oficial em 2021 e 2022.

Neste ano, o mercado espera uma alta de 8,59% para o IPCA. Para 2022, de 4,17%.

Apesar de estar mais "otimista", o FMI reconhece que as ações do BC serão decisivas para trazer de volta a inflação para a meta no ano que vem.

"Considerado um teste de estresse de um novo quadro de metas de inflação, a experiência mostrou (1) a necessidade de maior ação de política monetária para contrariar expectativas não ancoradas e estabelecer credibilidade, e (2) como orientação clara e contingente ao estado poderia complementar a resposta inicial", dizem os economistas do FMI.

O Comitê de Política Monetária (Copom) tem feito ajustes padronizados na taxa básica de juros e sinalizou uma nova elevação no mesmo patamar na próxima reunião, em 27 de outubro. Para os diretores do BC, essa tendência é a certa para que a inflação retorne às metas depois de 2021.

Covid ainda atrapalha
O FMI demonstra preocupação com a perda de vigor da recuperação econômica global, que segue sendo atrapalhada pela pandemia do coronavírus.

Entre os fatores indicados está a ampliação de contágios pela variante delta, que, além de gerar impactos nos sistemas de saúde, trouxe restrições a pólos importantes da cadeia mundial de produção e distribuição.

A renovação dos efeitos da Covid-19 deu gás à inflação global e o aumento de riscos fez com que as políticas monetárias tivessem efeito mais limitado na contenção da alta de preços.

“A política monetária precisará andar na linha tênue entre combater a inflação e os riscos financeiros, e apoiar a recuperação econômica”, diz o texto assinado por Gita Gopinath, economista-chefe do FMI.

Assim, apesar de uma alteração modesta na média da projeção econômica neste relatório, o FMI ressalta que há revisões drásticas para baixo em alguns países em desenvolvimento e de renda mais baixa.

Segundo o fundo, o grupo de economias avançadas deve recuperar o patamar pré-pandemia em 2022 e excedê-lo em 0,9% em 2024. Mas mercados emergentes e em desenvolvimento (excluindo a China) deverão permanecer 5,5% abaixo da produção pré-pandemia daqui a 2 anos.

“Essas divergências econômicas são consequência de grandes disparidades no acesso às vacinas e nas políticas de suporte econômico”, diz o relatório.

O FMI aponta que a vacinação em países mais pobres ainda engatinha e impede uma plena recuperação. Enquanto 96% da população de países pobres continua sem se vacinar, nos países mais ricos há cerca de 60% da população totalmente imunizada.

Não bastasse, economias mais frágeis saem em desvantagem por não terem espaço fiscal para medidas de estímulo à economia, como planos de distribuição de renda e concessão de crédito para pequenas e médias empresas.

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