Mais mulheres acusaram o superintendente financeiro do Náutico, Errisson Rosendo de Melo, de assédio sexual e moral. Duas ex-funcionárias, que preferiram não ser identificadas, se sentiram encorajadas após as denúncias feitas pela ex-diretora da Mulher e de Operações do Náutico Tatiana Roma, que prestou queixa na Delegacia da Mulher.
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“Sabe quando você pega uma banana, descasca e deixa nua? Ele parecia que estava tirando a roupa da pessoa. [...] Ele constrangia as pessoas com o olhar e fazia questão de verbalizar. Não era uma cantada sutil, era uma coisa nojenta mesmo. Eram palavras que a gente se sentia um lixo", declarou uma das vítimas ouvidas pela TV Globo.
A ex-funcionária relatou que Errisson também praticava assédio moral com homens. “Ele abusava do poder e era agressivo.Tratava as pessoas mandando sair da sala, principalmente as pessoas mais humildes que precisavam do emprego, precisavam do clube”, disse.
Outra ex-funcionária relatou que trabalhou menos de um ano no clube e percebeu que Errisson assediava a sua filha em dias de jogo.
“Eu me sentia na obrigação de, quando chegava à Arena [de Pernambuco] ou ao próprio clube, de cumprimentá-lo. [...] O tipo de cumprimento era muito nojento, era beijinho de um lado e de outro, só que não era na bochecha, vinha direto na boca da menina”, contou.
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Essa mesma funcionária disse, ainda, que começou a ir ao trabalho vestida só com camisetas do náutico, para evitar os olhares constrangedores do superintendente.
“Os olhos dele não eram para conversar comigo, eram para olhar o meu decote. A direção dele era só ao meu decote. As investidas dele, para mim, não eram de chegar e falar, eram só gestos. Eu não tinha o que dizer, eu não tinha o que rebater”, contou.
Em unanimidade, todas as mulheres relataram o sentimento de humilhação e constrangimento pelas situações vivenciadas.
“É revoltante, a gente se sente um lixo, se sente usada. [...] A gente era tratava como um pedaço de carne. Eu acho que essa é a frase certa, a gente era um pedaço de carne que ele queria degustar, mas não degustou”.
Primeira denúncia
A ex-diretora da Mulher e de Operações do Náutico Tatiana Roma foi a primeira a denunciar Errisson. Ela registrou um boletim de ocorrência no dia 12 de novembro deste ano sob a acusação por importunação sexual e crimes contra a honra (veja vídeo acima).
Em entrevista ao ge, ela contou que os assédios ocorreram entre maio de 2020 e julho de 2021, quando a ex-funcionária deixou o clube.
Depois disso, Tatiana contou que conversou com o presidente do Náutico, Edno Melo, que é irmão de Errisson, para fechar um acordo. Ela tirou o processo do Conselho Deliberativo e Errisson aceitou pagar 50 cestas básicas para uma instituição.
O acordo foi assinado pelos dois, mas Errisson não teria cumprido o combinado pagando apenas um valor equivalente a 25 cestas básicas, de acordo com a ex-funcionária.
"Uma semana depois, eu fui até a instituição e ele não tinha cumprido o acordo corretamente. Ele tinha feito uma transferência em dinheiro no dia 11 , mas não era equivalente ao valor de 50 cestas básicas”, relatou.
Ela contou, ainda, que o que deu coragem a ela para registrar a denúncia na delegacia foi o coro de mulheres que contaram ter passado por situações parecidas.
“Quatro me falaram. Um dia antes do processo na delegacia, liguei para cinco e quatro me confirmaram. Todas por importunação sexual de maior ou menor grau. [...] A decisão maior da delegacia foi quando ouvi o relato delas”, afirmou.
Resposta
O ge tentou ouvir o advogado de Errisson Melo, Luiz Gaião, a respeito das novas denúncias. Ele alegou desconhecer os fatos e que qualquer pronunciamento só será feito "após a publicação da matéria."